Nas últimas semanas a internet tem sido tomada por notícias sobre a polêmica entre Apple e FBI. Enquanto nomes como Tim Cook, Mark Zuckerberg e Edward Snowden se posicionam contra o órgão policial, outros como Bill Gates e John McAffe defendem a necessidade do FBI em descriptografar o iPhone 5C do atirador que matou 14 pessoas no atentado de San Bernardino, na Califórnia.

Entenda o caso

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Em 2 de dezembro do ano passado, 14 pessoas foram mortas e outras 22 feridas na cidade californiana. O atentado foi chamado pela mídia como “O massacre de San Bernardino”.

Recentemente, a juíza federal norte-americana Sheri Pym ordenou que a Apple colaborasse com o FBI e desbloqueasse um iPhone 5C que era usado por um dos autores do homicídio em massa. Os investigadores alegam que o smartphone pode contar informações cruciais para a investigação.

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A Apple, por sua vez, recusou a ordem judicial alegando que “trata-se de uma medida sem precedentes” e que considera “uma ameaça à segurança de seus usuários”.

Com isso, surgiu uma grande discussão norteada na segurança e privacidade dos usuários contra a necessidade de órgãos públicos de obterem acesso a dados particulares com a intenção de garantir o bem-estar público. Personalidades do mundo da tecnologia se posicionaram dos dois lados. Veja abaixo os argumentos a favor e contra a decisão da Apple.

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Argumentos a favor da Apple

Tim Cook, atual presidente da Apple, foi o primeiro nome a se mostrar contra o pedido do FBI que quer incluir uma funcionalidade ao iPhone que permita que códigos de acesso sejam implantados eletronicamente permitindo que o smartphone possa ser desbloqueado eletronicamente usando “força bruta”.

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Cook ainda rebate o argumento do governo que diz que esse tipo de recurso só poderá ser utilizado uma única vez por aparelho. “Isso não é verdade. Uma vez criada, a técnica poderia ser usada diversas vezes, em qualquer número de dispositivos.  Seria o equivalente a uma chave mestra capaz de abrir centenas de milhões de fechaduras”, explicou.

Além dele, Mark Zuckerberg, do Facebook, afirmou no primeiro dia do Congresso Mundial de Telefonia Móvel (MWC) que é “solidário a causa da Apple” e que considera errada e ineficiente a descriptografia forçada com a intenção de aumentar a segurança. Segundo ele, o acesso a dados de usuários não resolveria o problema da segurança pública.

Segundo o CEO do Facebook, a rede social irá continuar a “lutando agressivamente contra exigências de que as empresas enfraqueçam a segurança de seus sistemas”. Mesmo assim, ele também condenou os atos terroristas e disse que não há lugar para esse tipo de atividade nos serviços que oferece.

Além do Facebook, o Twitter também se posicionou a favor da Apple no caso, conforme escreveu Jack Dorsey, um dos criadores da plataforma:

Já para Edward Snowden esse “é o caso tecnológico mais importante da década”. O ex-agente da NSA e um dos homens mais procurados pelo governo dos Estados Unidos por vazar informações secretas sobre os métodos de vigilância do governo norte-americano a cidadãos do mundo inteiro, disse que o FBI está tomando a decisão incorreta no caso, já que pode dar força para empresas de tecnologia são mais confiáveis do que a própria polícia.

“O FBI está criando um mundo no qual os cidadãos confiam na Apple para defender seus direitos, em vez de ser o oposto”, escreveu em uma rede social.

Argumentos a favor do FBI

Nesta terça-feira, Bill Gates se posicionou contra a empresa e a favor do FBI. Em entrevista, o ex-CEO da Microsoft afirmou que “este é um caso específico em que o governo está pedindo acesso a informação”. Segundo ele, trata-se de um caso em particular e não algo generalizado que irá afetar todos os usuários, principal argumento de quem se posiciona contra a medida jurídica expedida.

John McAfee, fundador do antivírus McAfee, foi outro nome que se colocou contra a gigante de tecnologia. Com críticas irônicas, o executivo afirmou que a Apple considera que se acatar à decisão judicial será “o começo do fim da América”.

Para apimentar ainda mais a discussão, McAfee se colocou à disposição do FBI para desbloquear o smartphone. “Com todo o respeito a Tim Cook e à Apple, eu trabalho com uma equipe dos melhores hackers do planeta. Então aqui está minha oferta para o FBI: Vou, de forma gratuita, descriptografar as informações no telefone com minha equipe. Assim, a Apple não precisará colocar uma backdoor em seus aparelhos”, disse.

O público norte-americano também mostrou-se mais inclinado ao lado do FBI na disputa.
Uma pesquisa realizada pelo Pew Research Center divulgou que 51% dos cidadãos dos Estados Unidos entrevistados acreditam que a Apple deve ajudar o FBI a desbloquear o iPhone de San Bernardino, enquanto apenas 38% defendem a fabricante. Cerca de 11% dos entrevistados não souberam opinar.