* Por Lucas Esteves Medola

Nos dias atuais, mais do que nunca, organização, resiliência e paciência são qualidades necessárias a qualquer profissional de finanças e contabilidade. Adiciona-se a isso a capacidade de continuar aprendendo, seja em finanças ou em outras áreas. Mas esses executivos têm um desafio extra quando atuam nos setores de tecnologia, nos quais as mudanças são constantes e rápidas. As companhias que operam nesta indústria, além da situação macroeconômica, enfrentam grande concorrência, pressão contínua sobre seus preços, necessidade de inovação frequente e novas regulamentações.

A hora exige de todo e qualquer CFO, portanto, tornar-se um verdadeiro parceiro e facilitador de negócios. Chamo a atenção a algumas oportunidades do mercado de pagamentos digitais. Há, nesse segmento, uma expectativa de forte crescimento em função dos projetos de migração ou de implantação de soluções de pagamento digital que vêm ocorrendo em uma velocidade incrível. Soluções móveis on-line (em apps ou na web) e off-line (tecnologia de pagamento sem contato) estão sendo adotadas para dar conta das novas demandas provenientes do aumento expressivo na adoção de dispositivos móveis e da digitalização do dinheiro.

Vale ter-se em mente, ainda, que o setor de pagamentos digitais tem muito espaço para continuar ganhando participação no mercado sobre os métodos tradicionais de pagamento. Na América Latina, México e Brasil lideram o mercado de pagamentos digitais. Ambos demonstraram um forte desempenho em 2015.

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Em 2016, no entanto, os dois países devem enfrentar os efeitos da contínua depreciação de suas moedas em relação ao dólar americano, com impacto direto em suas importações. A mesma depreciação de moedas locais frente ao dólar, contudo, tem consequências positivas sobre as exportações. De outro lado, observamos que os pagamentos digitais continuam apresentando crescimento representativo em alguns outros mercados como: Chile, Peru, Porto Rico, República Dominicana e Uruguai.

Há também desafios de curto prazo, como ambiente regulatório, que exige das empresas entender e monitorar os pagamentos digitais e, ao mesmo tempo, atender às exigências das autoridades locais e internacionais.

É fundamental que uma transação seja validada de forma adequada e que esteja em conformidade com as leis vigentes e, portanto, recomendo a implantação de diversos controles, regras de negócio e processos do tipo “Conheça seu Cliente” (KYC, em inglês, Know Your Customer). Importante frisar que há um investimento significativo para tais adequações, o que, infelizmente, gera mais pressão sobre a rentabilidade, e, mais uma vez, é necessário superar esta questão com uma clara estratégia de negócios.

No setor de pagamentos digitais, ressalto, também, dois tópicos. O primeiro diz respeito à rapidez com que novas tecnologias são lançadas, o que obriga as empresas a reagirem imediatamente e a trabalharem, constantemente, em novas soluções e produtos. O segundo é a necessidade de dispormos de um ambiente com tecnologia digital robusta. Este é outro aspecto que não se pode descuidar, ainda que seja necessário um alto investimento para se garantir que o ambiente de uma transação digital mantenha-se, efetivamente, seguro.

Não faltam motivos ao profissional de finanças para buscar ser mais estratégico, multitarefa, focado, com capacidade de reagir rapidamente e fazer alianças com outras equipes dentro da empresa. Tudo para cumprir a meta nossa de cada dia.

* Lucas Esteves Medola é CFO do PayPal para a América Latina