De acordo com informações da Bloomberg, algumas cidades e regiões dos Estados Unidos estão fechando parcerias com a Uber e outras empresas semelhantes para substituir algumas de suas linhas de ônibus. A ideia é usar os carros dos serviços para ajudar a ampliar o sistema de transporte público. 

O condado de Pinellas, na Flórida, removeu sua linha de ônibus menos utilizada dentre as 48 que existiam na região, e usou os gastos referentes à linha para subsidiar viagens de Uber aos passageiros do sistema de transporte público. Em 1 de agosto, a agência de transporte público da região começou a pagar 50% das viagens realizadas até um dos 20 pontos de ônibus de lá.

Mais barato

Segundo uma representante da agência de transporte público, “não é para ser algo que você pega em vez de pegar o ônibus; é algo que você pega para pegar o ônibus”. Essa parceria tem o objetivo de integrar moradores de regiões distantes ao sistema de transporte público já existente a um custo menor do que o da criação de uma linha de ônibus menor.

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A agência de trasporte público de Pinellas informa que o programa de subsídios terá um custo anual de cerca de US$ 40 mil. Esse valor equivale a cerca de um quarto do dinheiro que era investido nas duas linhas de ônibus que o programa substituiu. A agência também pretende começar a oferecer viagens gratuitas para moradores de baixa renda que viagem depois das 9 da noite, já que os ônibus não rodam nesse horário.

Outras iniciativas

Na cidade de Centennial, em Colorado, a prefeitura realizará uma parceria semelhante com a Lyft, empresa concorrent da Uber que só opera nos Estados Unidos. Com a parceria, a prefeitura passará a pagar viagens de Lyft feitas de uma estação de trem até uma região que antes era atendida por uma única linha de ônibus (e no caminho contrário também).

Cada viagem realizada pelo serviço de ônibus custava cerca de US$ 20, segundo a prefeita da cidade, cathy Noon; as viagens de Lyft pela qual a cidade pagará deverão custar bem menos. Será a primeira vez que um governo usa recursos públicos para pagar viagens de Lyft.

Paralelamente, na cidade de Kansas, a empresa Bridj, que gerencia um aplicativo de ônibus fretados, está estudando outro modelo. Ela cria linhas com base em solicitações de seus usuários, e no começo de 2016 travou uma parceria com a autoridade de trânsito da cidade para comprar 10 linhas de ônibus do aplicativo, estabelecendo e cobrando tarifas. Matthew George, o CEO da Bridj, afirma que outras 35 cidades estão planejando realizar parcerias semelhantes.

Problemas

Há, contudo, problemas na substituição de um serviço público por parcerias desse tipo. De acordo com a Bloomberg, as parcerias ainda não informam, por exemplo, como atenderão pessoas que não têm smartphones, ou se terão serviços especializados para passageiros com deficiências.

Também há a questão de que essas parcerias substituem empregos do setor público por uma categoria de trabalho ainda pouco reconhecida, e com poucas garantias de direito – algo que os governos podem relutar em fazer. Segundo Matthew George, o CEO da Bridj, “de um lado você tem esse modelo muito tradicional que existe á 100 anos, e do outro você tem esse vale-tudo de lire mercado que não oferece sequer as proteções básicas para as pessoas mais valiosas”.

Kyle Shelton, um gerente de programas do Kinder Institute for Urban Research, da Universidade de Rice, é cético com relação à ampliação de parcerias desse tipo. “Pode afetar algumas rotas, pode afetar o serviço de maneira geral; mas não vai substituir as linhas principais que levam milhares de passageiros por dia”, opina.