O Nubank, a startup que emite o famoso cartão de crédito roxo sem anuidades e vem atraindo público e investimentos massivos, pode estar com os dias contados. A empresa pode anunciar o fim de suas atividades se for confirmada uma decisão anunciada pelo governo federal.

Uma das medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e pelo presidente Michel Temer para tentar retomar o crescimento econômico afeta diretamente o modo de funcionamento do Nubank. Mais especificamente, o problema está na decisão que dita que as operadoras de cartão de crédito devem pagar os lojistas até dois dias após a compra, e não mais após 30, como acontece atualmente.

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De acordo com a cofundadora Cristina Junqueira, a medida representaria o fim imediato das atividades do Nubank, que seria incapaz de arcar com o custo do repasse aos lojistas. Isso afetaria negativamente todas as emissoras de cartões de crédito no mercado atual, mas diferente de grandes bancos como Itaú, Bradesco, Sandanter, o Nubank não tem o tamanho para aguentar um golpe deste nível.

A empresa alega que, se a medida dos dois dias realmente entrar em vigor, o Nubank começará a ter que pagar pelas compras de seus clientes antes mesmo que eles paguem a fatura do cartão de crédito. Seria necessário receber investimentos gigantescos para arcar com essa dívida e isso basicamente tornaria inviável a operação.

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“Nós já fizemos algumas simulações. Com dois dias é apagar a luz e fechar a porta. Com 15 dias, a gente precisaria de quase R$ 1 bilhão de capital adicional do dia para a noite”, afirma Cristiana Junqueira à Agência Estado.

Hoje, o Nubank se sustenta com a diferença entre o valor pago pelo cliente na hora da compra e o valor repassado ao lojista, que recebe um total descontado em torno de 5%. Cerca de 1,5% de cada transação fica nas mãos da empresa. A empresa trabalha com a estimativa de que seus clientes usam o cartão em média 26 dias antes de pagarem a fatura.