Nesta semana, completaram-se 20 anos de um negócio que mudou a história da tecnologia. Em 20 de dezembro de 1996, a Apple anunciou a compra de uma pequena empresa de computadores chamada NeXT por cerca de 400 milhões de dólares.
Steve Jobs, o fundador da Apple, fora demitido da Maçã cerca de 10 anos antes. Ele era também fundador e presidente da NeXT, e acabou se reaproximando da diretoria de sua antiga empresa após o negócio. Foi graças a essa compra que Jobs assumiu, pouco depois, o cargo de CEO da Apple.
Quando Jobs retornou à Apple, a empresa estava a 90 dias de declarar falência. Seus produtos já não vendiam tão bem e seu portfólio estava repleto de bugigangas sem um foco estratégico claro. Foi graças à reestruturação promovida por Jobs – que cortou centenas de funcionários e eliminou o desenvolvimento de 70% dos produtos – que dispositivos como o iPod, o iPhone e o iPad nasceram.
O site Business Insider, em parceria com a empresa de análise de dados Statista, divulgou nesta semana um gráfico que dá uma nova dimensão sobre a importância da decisão da Apple de comprar a NeXT em 1996. Daquela época até hoje, a Apple decolou em valor de mercado e em receita.
Em 1997, um ano após o retorno de Jobs, a receita anual da Apple estava em US$ 7 bilhões. O gráfico abaixo mostra como esse valor cresceu ao longo dos anos, chegando a impressionantes US$ 216 bilhões em 2016. Além disso, o valor de mercado da Maçã há 20 anos era de US$ 3 bilhões, chegando a US$ 624 bilhões neste ano.
Não é difícil, porém, notar a queda nas receitas entre 2015 e 2016. Cinco anos após a morte de Jobs, muitos analistas acreditam que a Apple já não é mais a mesma, e é isso o que está reduzindo seus números de sucesso. É a opinião, por exemplo, de Dave Smith, editor do Business Insider que há mais de 10 anos cobre o setor de tecnologia nos EUA.
Nesta semana, o jornalista publicou um extenso artigo argumentando que “a Apple está perdendo seu foco novamente – e, desta vez, não existe um Steve Jobs para resgatá-la”. “Hoje, a Apple vende 46 modelos de seus diversos produtos, de celulares a tablets, relógios, computadores e muito mais”, escreveu Smith. “Mas mais importante do que o grande número de produtos é o número de reclamações legítimas sobre esses produtos. Parece que nenhum novo produto da Apple é imune a falhas ou defeitos.”
O artigo cita como exemplo as novas versões do iPhone, que não trazem nada de realmente novo ao mercado; problemas na bateria dos MacBooks; fones de ouvido sem fio, os AirPods, com sérios problemas de design; e a aposta alta feita no Apple Watch, sendo que o mercado de relógios inteligentes acabou se mostrando um fracasso.
Isso sem falar no excesso de adaptadores que a empresa tem obrigado seus usuários a utilizar se quiserem, por exemplo, conectar seu novo MacBook Pro a qualquer coisa, ou mesmo um fone de ouvido com fio ao novo iPhone. Como ressalta outro analista do mercado, Jeff Dunn, hoje a Apple “ainda é uma empresa de smartphones numa época em que o mercado de smartphones está estagnado”.
Ninguém sabe o que será do futuro da Apple. Os rumores sobre o próximo iPhone indicam uma mudança radical de design, e há planos para o lançamento de novas versões do Mac. Fora isso, circulam há alguns anos boatos de que a empresa pode lançar até seu próprio carro. Por enquanto, porém, o que se sabe é que a Apple precisa se reajustar ao mercado se quiser voltar àquela curva de crescimento que começou 20 anos atrás.
Esta post foi modificado pela última vez em 22 de dezembro de 2016 15:00