Para estudar os efeitos que viagens espaciais têm sobre nossos corpos, a Nasa já tem duas “cobaias” ideias: os astronautas Scott e Mark Kelly, que são gêmeos. O projeto, chamdo de “Twins Study” (estudo dos gêmeos) pretende comparar o código genético dos dois conforme eles participam de viagens ao espaço, para entender melhor os riscos de viagens desse tipo, e já rendeu alguns dados interessantes.

Como gêmeos idênticos, Scott e Mark têm o DNA idêntico. Por isso, qualquer diferença que apareça nas moléculas do DNA dos dois será resultado de alguma experiência de suas vidas. E, recentemente, a Nasa falou sobre alguns dos resultados de seus primeiros estudos sobre o DNA de Scott, que ficou 340 dias no espaço numa missão na Estação Espacial Internacional.

Cromossomos diferentes

As primeiras pesquisas da Nasa revelaram que os telômeros dos cromossomos de Scott estavam mais compridos que o de Mark quando Scott voltou do espaço. Os telômeros são uma espécie de “rabinho” dos cromossomos que vai encurtando ao longo da vida das pessoas, e as tensões de uma viagem espacial deveriam acelerar o processo – mas aconteceu o oposto. 

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“Isso é exatamente o oposto do que pensávamos” disse a bióloga Susan Bayley à Nature. Embora o encurtamento dos telômeros esteja associado a envelhecimento, seu alongamento não é, necessariamente, algo bom. O cientista John Charles da Nasa disse ao Gizmodo que esse alongamento também acontece em alguns casos de doença ou patologia. Por isso, é importante entender melhor o que ele significa.

Mesmo assim, esse não é o caso de Scott, segundo Charles. Após ele voltar do espaço, seus telômeros voltaram a um tamanho considerado “normal”. Para verificar se o mesmo sintoma se repete em todas as viagens espaciais, a Nasa realizará testes semelhantes com dez outros astronautas não relacionados a esse estudo.

Metilação

Outra mudança que pode ser percebida entre os gêmeos foi referente à metilação do DNA de Scott. “Metilação” refere-se ao processo de acoplar grupos de metil às pontas de alguns genes do DNA para “desligar” seções do código genético que não precisam ser lidas naquele momento. Após voltar dos 340 dias de viagem espacial, o DNA de Scott tinha muito menos metilação que o de Mark, que passou esse período na Terra.

Novamente, os pesquisadores ainda não sabem ao certo o que essa diferença significa. Mudanças na metilação do DNA são associadas a mudanças no ambiente da pessoa: esse certamente foi o caso de Scott, que passou quase um ano vvivendo em microgravidade, comendo comida seca e congelada e dormindo em microgravidade. Ainda assim, as mudanças na metilação do DNA de Scott foram maiores do que o esperado pelos cientistas.