Estariam as mídias sociais influenciando na formação da identidade dos jovens? Posts, selfies, nudes, comentários de amor e ódio, revelações íntimas, até onde este quebra-cabeça de peças virtuais pode tornar ainda mais complexa a tarefa do jovem na construção de sua identidade? Para o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), as identidades no mundo pós-moderno (ou “líquido moderno” como prefere o teórico), se tornam cada vez mais frágeis e fragmentadas.

É na adolescência que mudanças biológicas e emocionais irão “cimentar os tijolos” que compõe a casa da identidade. Uma construção pessoal nada fácil, marcada por conflitos familiares, busca por independência, início da vida sexual, transformações corporais e flutuações hormonais. Não menos comum são os conflitos relacionados à auto-estima ou auto-imagem. Se não bastasse tudo isso, as mídias sociais adicionaram novas camadas sobre a formação da identidade. De um lado, criam um reflexo persistente (bits não esquecem jamais) desta fase da vida, um quase eterno refluxo sobre fatos que já poderiam ter sido superados ou esquecidos. De outro, podem criar uma dependência por afirmação (curtidas) de terceiros para fatos simples tais como fotos de si mesmo (selfies).

Há entre os jovens um certo desconforto, talvez até mesmo angústia em relação aos desdobramentos do mundo virtual sobre o mundo real. Mas o tempo no qual estes dois universos estavam separados está chegando ao fim e esta geração é a última a ter a percepção das diferenças entre o ser e estar deste ou do outro lado da tela. No futuro próximo, quantas identidades ou “personas” vamos ter, será uma questão de velocidade de processamento e capacidade de armazenamento na nuvem.