Nas últimas semanas, o aplicativo Sarahah começou a fazer sucesso de repente. Com apenas três funcionários, o app saudita que permite que as pessoas enviem mensagens anônimas umas para as outras arrecadou milhões de downloads no mundo todo. 

E nesta semana foi a vez do Scorp, um aplicativo parecido com o Vine que permite que os usuários façam vídeos de apenas 15 segundos. Da noite para o dia, o app começou a crescer até superar até mesmo o WhatsApp em número de downloads na loja de aplicativos do Google. 

Pode ser que esses aplicativos realmente representem ideias extremamente inovadoras e se desenvolvam para virar plataformas muito influentes, como o Facebook ou o YouTube. Mas o mais provável é que eles façam sucesso por algum tempo e, logo depois, caiam no esquecimento.

Não seria a primeira vez que isso acontece: muitos aplicativos já passaram por um ciclo ultra-rápido de sucesso intenso e repentino seguido de total esquecimento. E você provavelmente já instalou pelo menos um deles no seu celular. Duvida? Confira abaixo a lista com sete apps que fizeram sucesso de repente e desapareceram logo depois:

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1. FaceApp

Um dos praticamente infinitos aplicativos com filtros esquisitos para selfies, o FaceApp fez bastante sucesso por conta de alguns filtros específicos. Ele permitia, por exemplo, simular o seu rosto quando você for mais velho, ou simular como você seria se fosse do sexo oposto. Ele fazia isso usando redes neurais que foram treinadas para realizar transformações desse tipo nas imagens.

O aplicativo seguiu o seu curso natural de crescimento de popularidade, mas foi alvejado por uma polêmica racista. Ele tinha um filtro chamado “Hot”, que supostamente deixava as pessoas mais bonitas. Acontece que o aplicativo, para fazer isso, clareava usuários com peles mais escuras. A empresa se desculpou pelo caso, afirmando que o problema foi causado por uma parcialidade do seu algoritmo.

2. Dubsmash

A ideia do Dubsmash até que é bem legal: ele permite que você crie um vídeo e depois sincronize-o com uma música. Assim, fica parecendo que é você que está cantando, e seu vídeo vira um mini-clipe da música. E a execução da ideia também foi bem feita, tanto que o aplicativo, lançado em novembro de 2014, chegou ao Android em 27 de março de 2015 e foi baixado mais de 20 milhões de vezes por lá até o começo de abril. 

O Dubsmash não chegou a ter um fim: ainda é possível baixá-lo tanto na loja do Google quanto da Apple. O que aconteceu foi simplesmente que a novidade passou, e as pessoas foram perdendo o interesse em criar lip-syncs para suas músicas favoritas. Outro fator que atrapalhou foi um aplicativo chamado “Dubsmash 2”, que chegou a ficar disponível nas lojas por um tempo: ao contrário do que o nome sugeria, ele era apenas um malware, mas, usando o Dubsmash como “isca”, conseguiu infectar mais de 500 mil usuários

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3. Meitu

No começo de 2017, o aplicativo chinês Meitu começou a fazer um sucesso desproporcional nas lojas de apps do Google e da Apple. Era basicamente um aplicativo de câmera que permitia que você transformasse suas selfies ou fotos em versões “anime” de você e de seus amigos. Dava para aumentar os olhos, deixar a pele lisinha, enrubescer as bochechas e até criar fundos fofinhos.

Acontece que o aplicativo pedia absolutamente todas as permissões que o seu celular era capaz de dar, o que fez com que um pesquisador de segurança considerasse que ele era na verdade uma coleção de ferramentas de marketing e monitoramento com uma roupagem fofinha. A empresa justificou dizendo que, como o app era chinês, ele não tinha ligação com o Google Play Services e por isso precisava obter sozinho os dados que os outros apps obtêm por meio do Google. De qualquer maneira, ele caiu no esquecimento tão rapidamente quanto surgiu.

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4. Secrett

Um aplicativo voltado para que pessoas publicassem mensagens e segredos de maneira anônima. Parece uma ideia que vai dar errado? Pois foi justamente o que aconteceu. Lançado no Brasil em maio de 2014, o aplicativo se tornou extremamente popular e polêmico: um grupo de dez pessoas, incluindo um rapaz que teve fotos íntimas postadas no aplicativo por um terceiro, buscou sua proibição junto à Justiça. Uma coordenadora de escola pública também fez um boletim de ocorrência após se sentir difamada no serviço.

Os casos foram longe. O Ministério Público do Espírito Santo exigiu a exclusão do aplicativo das lojas do Google e da Apple. Foi um golpe duro. O criador do app depois lançou uma nova versão bem mais moderada do aplicativo, mas acabou preferindo encerrar o serviço em abril de 2015 – oito meses depois dos casos de polícia no Brasil. 

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5. Prisma

Imagine poder transformar suas fotos em pinturas, desenhos ou caricaturas de diversos estilos. Essa é a função do Prisma, um aplicativo que ficou um bom tempo disponível apenas para iOS, e que chegou para Android também em julho de 2017. Mas mesmo antes disso, ele já tinha sido baixado mais de 10 milhões de vezes. 

Embora o Prisma tenha acrescentado novos filtros e recursos com o tempo (ele chegou a ter suporte para vídeos também), o interesse do público pela novidade não continuou crescendo tão rápido. Um palpite quanto ao motivo disso é que o processamento das imagens precisava ser feito na nuvem, o que exigia uma conexão robusta – algo que nem sempre está disponível. Também não ajudou o fato de que o Facebook copiou boa parte dos seus recursos. 

6. My Idol

Outro aplicativo chinês que fez um sucesso-relâmpago no mercado ocidental foi o My Idol (ou Myidol). Ele permitia que você criasse um avatar de você mesmo (ou de um amigo, ou de um famoso) com cabeça gigante parecido com uma boneca. Era possível vesti-los com roupas engraçadas e colocá-los em cenas famosas, como um “pole dance” ou a canção “Let It Go”, do filme “Frozen”.

Provavelmente, parte da graça do My Idol era justamente essa bizarrice: criar um boneco de proporções estranhas do seu amigo e compartilhar uma imagem dele fazendo “pole dance” no Facebook pode até ser legal, mas a graça acaba rápido. Mas, além disso, os usuários também começaram a fazer isso com famosos: George W. Bush, Vladimir Putin e Dilma Rousseff foram alguns dos rostos conhecidos que apareceram no app de maneira não-oficial – o medo de ações judiciais por atitudes desse tipo pode ter contribuído para que as pessoas deixassem o app de lado. 

7. Flappy Bird

Um jogo excessivamente difícil, com jogabilidade simplória e gráficos meio derivativos não deveria fazer muito sucesso. Mas foi justamente isso que aconteceu com “Flappy Bird”, um jogo para iOS lançado em maio de 2013 pelo desenvolvedor vietnamita Dong Nguyen. No começo de 2014, o jogo começou a fazer um sucesso absurdo: ele chegou a arrecadar mais de US$ 50 mil (R$ 157 mil) por dia ao seu criador. 

Dong, no entanto, optou por tirar o jogo da loja da Apple no auge de seu sucesso. Ele informou que fez isso por medo da natureza viciante do jogo, mas algumas pessoas especularam que foi por medo de ser processado por plágio pela Nintendo (o peixe e os canos verdes eram estranhamente suspeitos). De qualquer maneira, a súbita remoção do jogo no pico de sua popularidade foi um caso estranho. Como não era mais possível baixar o game, iPhones com ele instalado eram oferecidos por mais de US$ 100 mil no Ebay.