A Inteligência Artificial pode causar arrepios em quem vê nas máquinas uma ameaça de desemprego e “substituição” no mercado de trabalho. No entanto, ao contrário do temor popular, a computação cognitiva deve ser uma aliada do ser humano, ajudando-o a potencializar sua capacidade. É o que acredita Garry Kasparov, campeão mundial de xadrez derrotado pelo computador Deep Blue da IBM, que atualmente estuda e advoga pelo desenvolvimento da inteligência artificial ao redor do mundo.

Em palestra durante o Watson Brasil Summit no dia 20 de Setembro, em São Paulo, o enxadrista falou sobre o temor coletivo que novas tecnologias tendem a causar na população. Para Kasparov, o maior problema relacionado à computação cognitiva é que a sociedade não está se movimentando rápido demais, mas sim vagarosamente. “O ódio às máquinas é parte da história da humanidade, já que, antes de criar novos postos, a tecnologia destrói empregos”, disse.

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No início da década de 1980, partidos políticos de Bengala, na Índia, foram às ruas contra a implantação de computadores no Banco Central indiano. Para os protestantes, as máquinas eram fruto do mal capitalista para tomar o seu emprego. Hoje, em que até mesmo a ida ao banco se tornou dispensável, qualquer um que organizasse uma passeata contra o uso de PCs e smartphones corre o risco de ser ridicularizado.

Hoje, muito além do que em jogos de xadrez, a computação cognitiva está em uso para resolver problemas mais desafiadores à humanidade, como pesquisas cientificas para cura de doenças como o câncer, implementação de AI para garantir melhor qualidade e proximidade do cliente à empresa em operações de atendimento, e até mesmo para a disseminação de conhecimento e inclusão social. “Máquinas inteligentes farão o ser humano mais inteligente”, destaca Kasparov.

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No Brasil, o IBM Watson já é o usado no tratamento de câncer no Hospital Mãe de Deus, em São Paulo. Na unidade, pioneira na América Latina, os médicos inserem dados da doença e do paciente para que o Watson recomende um tratamento personalizado, que possibilita uma probabilidade maior de melhora no quadro do paciente, a partir de um cálculo feito em segundos com base em um banco de dados com mais de 15 milhões de conteúdos científicos.

No hospital, o Watson não substitui os profissionais da equipe médica, que ainda fazem os atendimentos e exames necessários aos pacientes. No entanto, a Inteligência Artificial empodera o oncologista com informações produzidas ao redor do mundo e que podem ser úteis para o caso avaliado.

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Outro exemplo de como a computação cognitiva pode trabalhar em favor da população é a exposição “A voz da Arte”, na Pinacoteca de São Paulo. Na mostra, o expectador pode fazer perguntas sobre as obras ao Watson através de um aplicativo de celular, recebendo a resposta em linguagem natural e de fácil entendimento. Ou seja, trata-se de uma saída para a democratização da arte.

Mesmo com todo o conhecimento e eficiência da máquina no atendimento ao público, um elemento chave não pôde ser dispensado: a participação do ser humano. Para entender e responder perguntas, a computação cognitiva precisa do treinamento de uma equipe de curadoria especializada no assunto e que possa prever os questionamentos sobre o tema. Sem a parceria humana, o computador é pouco eficaz.

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O leque de possibilidades para a parceria humano-máquina tende a se abrir enormemente nos próximos anos. Que tal um grande poder de cálculo na pesquisa de novos medicamentos? E um assistente de finanças pessoais que possa avaliar rapidamente se um investimento é bom ou não para o seu bolso? A era cognitiva está apenas no começo e, em breve, você pode nem lembrar como era a sua vida antes.

O replay do evento no YouTube pode ser visto abaixo: