Pesquisadores do MIT conseguiram criar uma tecnologia que pode um dia servir como alternativa eficiente e ambientalmente correta a postes de iluminação de rua. Um grupo do setor de engenharia química do instituto desenvolveu plantas bioluminescentes (que produzem luz), que podem substituir desde pequenas lâmpadas de leitura até postes de iluminação de ambientes externos.

O método usado pelos engenheiros envolve a incorporação de algumas partículas químicas às folhas das plantas. São essas partículas que fazem com que as plantas produzam luz. E como as partículas são acrescentadas manualmente às folhas, o método pode ser usado com diversos tipos de plantas, que podem ser usadas para finalidades diferentes. O vídeo abaixo mostra o projeto:

Planta vagalume

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As partículas usadas para isso foram a luciferina, a luciferase e a coenzima-A. A luciferina é a molécula responsável pela bioluminescência de animais como os vagalumes, e a luciferase é a enzima que ativa essa molécula. A reação da luciferina com a luciferase também gera um produto que, ao longo do tempo, inibe a emissão de luz; por isso, os pesquisadores usaram também a coenzima-A para remover esse produto, impedindo que ele se acumule.

Esses componentes foram colocados em nanopartículas com cerca de dez nanômetros de diâmetro. As nanopartículas foram colocadas na água junto com as folhas das plantas, e então os cientistas submeteram o conjunto a uma pressão elevada. Essa pressão fez com que as nanopartículas entrassem nas plantas por meio de seus estômatos – pequenos furos na superfície das folhas que servem, comumente, para que elas eliminem água.

Cada um dos componentes ficou em determinadas partes das plantas. As nanopartículas que os levavam foram feitas com materiaiss considerados seguros pelo órgão regulador de alimentos e drogas dos EUA, e ajudaram os componentes a chegar aos seus respectivos lugares. Eles também impediam que os componentes se concentrassem demais e se tornassem tóxicos para as plantas.

Resultados

Nos primeiros testes, os pesquisadores só conseguiram fazer as plantas brilharem por 45 minutos. Desde então, aumentaram esse tempo para três horas e meia. Eles acreditam, porém, que seja possível aumentar tanto a duração quanto a intensidade da iluminação otimizando a concentração e a taxa de liberação dos componentes.

Foi possível fazer esse processo funcionar com várias plantas diferentes. Os pesquisadores já testaram com sucesso o método em rúcula, couve, espinafre e agrião. No futuro, eles pretendem criar uma aplicação desse método por meio de spray. Com isso, seria possível transformar árvores e plantas caseiras em fontes de luz, por exemplo.

Importância

Segundo o MIT, cerca de 20% da energia gasta no mundo é usada para iluminação. E outras pesquisas já mostraram que mesmo tecnologias mais eficientes não conseguem diminuir o gasto de energia para esses fins. A criação de um procedimento que permitisse usar as plantas urbanas como fonte de iluminação, no entanto, poderia ajudar a cortar consideravelmente esse gasto.

Michael Strano, um dos autores do projeto, diz que o objetivo final do seu estudo é justamente esse. “Nossa meta é realizar um tratamento quando a planta for um broto ou uma planta madura, e fazer com que ele dure por toda a vida da planta”, disse.