Após 12 anos desde que foi fundado e quatro anos operando no prejuízo depois de fazer sua estreia na bolsa de valores, o Twitter registrou algum lucro pela primeira vez. É o que diz o último relatório fiscal da empresa, liberado nesta semana.

De acordo com os dados partilhados pelo Recode, o Twitter registrou uma receita de US$ 732 milhões no último trimestre de 2017. Desse valor, a empresa tirou US$ 91 milhões de lucro líquido. É um avanço de 2% em relação ao mesmo período de um ano antes.

É também a primeira vez que o Twitter registra crescimento de receita em um período de um ano, desde o último trimestre de 2016. Entretanto, o relatório fiscal mais recente da empresa não trouxe apenas boas notícias para os investidores.

Em um ano, o Twitter não viu qualquer mudança no seu número de usuários mensais. No terceiro trimestre de 2017, a rede social viu um acréscimo de 4 milhões de usuários ativos por mês, mas nos três meses seguintes, nenhum novo usuário mensal foi registrado.

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O número de usuários diários, porém, cresceu 12%. O problema, como explica o Recode, é que o Twitter não revela o número total de usuários, nem por dia e nem por mês. A empresa só divulga as variações, quantas pessoas entraram e quantas saíram.

De onde vem esse lucro

Um detalhe no relatório fiscal do último trimestre parece explicar o que o Twitter fez para acabar com o jejum de lucros. A empresa reduziu em 28% suas despesas com opções de ações para funcionários, prática comum em empresas de tecnologia.

Opções de ações são benefícios oferecidos por muitas empresas e funcionam como um dinheiro “a receber”. O funcionário ganha o direito de vender ou comprar ações da sua empregadora na bolsa por um preço pré-definido e que estão reservadas para ele caso ele queira investir seu dinheiro na empresa que o contrata.

Na prática, esse é um dinheiro que o próprio mercado de ações vai se encarregar da pagar ao funcionário, não a empregadora, mas funciona como uma maneira de atrair talentos no Vale do Silício, assim como vale alimentação e convênio médico, por exemplo. O problema é que opções de ações nas mãos de funcionários representam menos ações à venda no mercado.

No fim das contas, como explica o VentureBeat, esse dinheiro reservado e que não pode ser usado acaba sendo contabilizado como uma despesa pelo departamento financeiro da companhia. No último trimestre de 2016, o Twitter registrou gastos de US$ 138 milhões somente com opções de ações para funcionários.

Tudo isso certamente comprometeu o dinheiro que a empresa faturou no mesmo período, fazendo com que os gastos do Twitter fossem maiores do que a receita, resultando no prejuízo. No último trimestre de 2017, porém, o dinheiro reservado para opções de ações caiu para US$ 102 milhões, e no mesmo trimestre, a empresa registrou lucro – ou seja, ganhou mais do que gastou.

Oferecer opções de ações para funcionários continua sendo uma prática comum no Twitter e no restante do Vale do Silício, mas, aparentemente, pelo menos a empresa do microblog aprendeu a ser um pouco mais consciente em relação a esse tipo de despesa.