O Banco Neon, rival do Nubank no cenário de bancos digitais brasileiros, teve parte de suas operações suspensas no país. O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial de uma das pessoas jurídicas que formam a startup após identificar “graves violações”.

Em nota, o Banco Central diz que “constatou o comprometimento da situação econômico-financeira, bem como a existência de graves violações às normas legais e regulamentares que disciplinam a atividade da instituição”.

Quem acessar o site do Banco Neon nesta sexta-feira, 4, verá nada mais do que um comunicado do Banco Central a respeito deste caso. O aplicativo também não está funcionando, e diz que “está temporariamente fora do ar para melhorias”.

De acordo com o Banco Central, as tais irregularidades “não estão relacionadas com a abertura e movimentação de conta digital ou com a emissão de cartões pré-pagos”. A razão social que foi liquidada é a Banco Neon S.A., e não a Neon Pagamentos S.A.

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A Banco Neon S.A. cuida apenas do serviço de crédito, enquanto a Neon Pagamentos cuida do cartão pré-pago e da conta digital, que seguem funcionando normalmente. No Twitter, a startup afirmou que está fazendo mudanças no seu aplicativo e que em breve vai se pronunciar sobre o caso.

À Exame, um porta-voz do Banco Central disse que as irregularidades do Banco Neon incluem “patrimônio líquido negativo” e “deficiência de controle e monitoramento para prevenir a lavagem de dinheiro”, entre outros problemas.

Os bens dos controladores e dos ex-administradores da startup foram apreendidos pelo Banco Central como parte da ação. Oficialmente, o BC está fazendo uma espécie de “intervenção” para regularizar a situação financeira do Neon.

Os credores da empresa serão cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), associação civil responsável por proteger clientes e credores em geral de bancos em caso de falência, liquidação extrajudicial ou insolvência.

Apenas 24 horas antes de ter sua liquidação decretada pelo Banco Central, o Neon anunciou o recebimento de um investimento de R$ 72 milhões. Em março deste ano, a empresa lançou seu primeiro cartão de crédito sem anuidade.

O banco Neon foi lançado em 2016 e possui 600 mil usuários, com apenas uma agência física em Belo Horizonte (MG). Ele é fruto de uma “joint venture” entre a startup Controly e o Banco Pottencial. Este último foi denunciado em 2010 pelo Ministério Público Federal em Minas Gerais por “crimes contra o sistema financeiro”.