Depois do escândalo de privacidade enfrentado pelo Facebook, com toda a situação da Cambridge Analytica e o uso indevido de dados de usuários, chegou a vez do Google ter suas políticas questionadas. Uma matéria extensa do Wall Street Journal apontou que a empresa tem feito pouco ou nada para impedir que outras empresas leiam o conteúdo das mensagens do Gmail no mundo inteiro.

No ano passado, o Google anunciou que não utilizaria mais seus sistemas para analisar o conteúdo dos e-mails do Gmail para fins de servir anúncios, o que foi uma mudança bem-vinda do ponto de privacidade. No entanto, a empresa ainda dá liberdade total para que aplicativos abusem dessa possibilidade; em alguns casos, empresas relataram que colocaram funcionários para ler conversas de usuários.

Tradicionalmente, a defesa do Google e de empresas que trabalham com a análise desse tipo de conteúdo delicado é que tudo é feito por máquinas, de modo que olhos humanos passam longe dessa equação. Os relatos à publicação mostram que há, sim, pessoas lendo mensagens dos modos tradicionais, sem pedir permissão explícita do público para tal, apenas incluindo a informação nos termos de uso e privacidade que ninguém lê.

O escaneamento dessas informações se dá por meio da utilização de aplicativos de terceiros que se conectam ao Gmail, assim como aconteceu com os testes do Facebook que foram explorados pela Cambridge Analytica. A publicação mostra como essas informações podem ser coletadas.

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  • Informações do destinatário: nomes e endereços de email são trocados por códigos numéricos e são ligados a informações demográficas como idade e localização;
  • Informações do remetente: os remetentes recebem pontuações de reputação com base na probabilidade de que seus e-mails sejam abertos;
  • Assunto: Vários assuntos de email são testados para analisar quais recebem mais cliques;
  • Tempo: Analisar quando os e-mails são abertos ajudam a descobrir qual é a melhor hora de disparar um email;
  • Texto: As sentenças do email são analisadas por software (normalmente) para compreensão de conteúdo ;
  • Assinaturas: Informações de contato como número telefônico e endereço podem ser usados para criar um banco de dados;
  • Recibos: Se um recibo for enviado para seu email, a informação pode ser usada para descobrir tendências de preços para um determinado produto e o que está vendendo mais.

A empresa possui uma série de normas sobre a utilização de aplicativos que possam acessar a caixa de mensagens de seus usuários, que teoricamente evitaria esse tipo de abuso. No entanto, os relatos apontam que a aplicação dessas regras é frouxa, criando espaço para esse tipo de utilização indevida, que permite a utilização indevida por parte dos desenvolvedores.

O Google preferiu não se manifestar sobre o caso.

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