O som agudo lembra um Autorama. Para quem nunca brincou, aqueles famosos carrinhos em pistas de corrida de brinquedo, mas o negócio aqui é sério, rápido e tem a ver com o seu futuro também! Nossa equipe esteve em Nova York para acompanhar a última etapa da temporada 2018 da Fórmula E, o campeonato mundial de carros elétricos da Federação Internacional de Automobilismo. Em sua quarta temporada, a prova que é disputada em diversos cantos do planeta, tem como objetivo maior ser um grande laboratório para o futuro da mobilidade urbana. O que é colocado à prova aqui, em alta performance, promete chegar às ruas, nos veículos elétricos, mais cedo do que a gente imagina.
“A Fórmula E é uma ótima experiência. Mostra que o veículo elétrico é muito mais do que um simples carrinho de golfe. É um veículo normal que pode percorrer longas distâncias, com alta velocidade e resistência. É por isso que achamos que a Fórmula E é um grande passo para toda a indústria avançar. A gente também acredita que, mais cedo ou mais tarde, o campeonato de elétricos se tornará a nova Fórmula 1″, explica Frank Mühlon, chefe global carregamento de veículos elétricos da ABB.
Os carros elétricos da Fórmula E são bastante peculiares. O modelo foi propositalmente desenvolvido em módulos, para que equipes e fabricantes possam trabalhar e desenvolver seus próprios sistemas de transmissão e, assim, as diferentes tecnologias embarcadas sejam testadas ao limite. O inversor controla as correntes elétricas que chegam ao motor e fazem as rodas girar – dependendo do momento, isso acontece até dezenas de milhares de vezes por segundo. O torque instantâneo permite uma aceleração extremamente rápida; os carros fazem de zero a 100 quilômetros por hora em apenas… um… dois… três segundos!
O motor funciona a partir do campo magnético criado pelas correntes elétricas. Os imãs do rotor, a parte interna que gira, são atraídos e repelidos pelo campo magnético gerado e então produzem a potência que é transferida para as rodas. O giro do motor pode chegar a 20 mil rotações por minuto e isso é controlado por meio de engrenagens, as marchas. E a energia para tudo isso acontecer vem da bateria, o verdadeiro coração dos carros elétricos.
Por determinação, todas as equipes devem utilizar exatamente a mesma bateria de 200 quilos de células de íon-lítio; o equivalente à bateria de quatro mil smartphones.
Em todos os carros, o máximo que cada time pode usar de energia são 28 kilowatt-hora. Em analogia aos carros tradicionais, essa medida pode ser vista como a quantidade de combustível que ainda resta no tanque. O consumo é acompanhado em tempo real pela organização da corrida através de sistemas de telemetria. Os carros também são limitados a um máximo de potência que podem produzir: 200 kilowatts durante o treino e 180 kilowatts na hora da prova. É o suficiente para fazer essas belas máquinas chegarem a 225 quilômetros por hora em suas velocidades máximas…
“A bateria é o elemento principal dos elétricos. Nós vemos evolução no carregamento, na resistência e na distância alcançada. O desenvolvimento das baterias tem evoluído muito em termos de performance, capacidade de recarregamento e durabilidade. Claro, em custo também. Isso tudo vai impulsionar a mobilidade elétrica. Nós realmente vimos uma melhoria grande nas baterias nos últimos anos e estamos muito confiantes que vamos ver muito mais daqui para frente, explica Mühlon.
Outra peculiaridade e também marca de sustentabilidade da “Fórmula E” são os pneus exclusivos da categoria. Com o mesmo intuito de usar o automobilismo como as pista de testes para o mundo urbano, os pneus foram desenvolvidos para gerar a menor resistência possível e, ao mesmo tempo, garantir a mesma performance com a pista seca ou molhada. Ou seja, a troca de pneus durante a corrida não é permitida; um único jogo é suficiente para suportar as provas que chegam a durar até 60 minutos.
Ainda assim, há uma parada nos boxes – e obrigatória. Como ainda não dá tempo de recarregar a bateria, os pilotos trocam de carro e usam um segundo modelo para terminar a prova. Mas isso também deve ser questão de tempo; talvez mais alguns anos. Recentemente, a ABB, principal patrocinadora da Fórmula E, anunciou o primeiro carregador de carros elétricos de alta potência. Com 350 kilowatts, o equipamento é capaz de, em apenas oito minutos, oferecer autonomia de até 200 quilômetros a um veículo elétrico.
Se a tecnologia, a emoção e o apelo dos elétricos ainda não te convenceram de quanto a Fórmula E é legal, saiba que qualquer um pode interagir com as provas de forma ativa e, acredite, até influenciar nos resultados…
Esta post foi modificado pela última vez em 28 de julho de 2018 22:00