Com a disseminação do 5G, que deve ganhar fôlego a partir deste ano (com a promessa de velocidades até 50 vezes maiores que as obtidas com o 4G) um dos setores que mais irá se beneficiar das altas taxas de velocidade e confiabilidade da quinta geração da rede de dados móveis será a indústria automotiva. Segundo um estudo feito pelo instituto do Gartner, até 2020 teremos nada menos que 250 milhões de carros conectados à internet, tendência que tem sido chamada de IoV (a internet dos veículos, da sigla em inglês).

Na última CES (Consumer Electronics Show de Las Vegas), não por acaso um dos pavilhões mais disputados era o automotivo. Afinal, todos queriam ver como grandes fabricantes do setor, como Ford, Audi, Toyota e Nissan vão tirar proveito do acesso à internet de alta velocidade para conectar seus carros, seja com modelos autônomos (ainda uma realidade distante), semiautônomos (mais próximos do consumidor) ou que simplesmente se utilizam do acesso à rede para turbinar o entretenimento e os recursos de seus carros (tendência que já ganha as ruas).

Não há dúvida que no futuro teremos carros autônomos circulando pelas ruas, como os protótipos criados pelo Google. Mas para que esse ponto seja alcançado, precisamos passar primeiro pela Internet dos Veículos, garantindo a conexão confiável e com baixa latência. A IoV entrou em um período de rápido crescimento, com integração e desenvolvimento de tecnologias de comunicação de rede, eletrônica e de informação, em conjunto com a fabricação de automóveis, fornecendo novos serviços para os consumidores. A MediaTek, por exemplo, desenvolveu o modem Autus para veículos, um SoC (sistema em um chip) adaptado para especificações automotivas que trabalha com ambientes de alta temperatura, para transmitir dados em tempo real e reunir requerimentos de segurança para a condução.

Quando o assunto é a conectividade dos veículos, os grandes fabricantes de chips têm focado em áreas como sistemas de comunicação, entretenimento digital, assistência avançada ao motorista e soluções de radar. É um verdadeiro mix de tecnologias, que reúne IoV, direção automatizada, inteligência artificial, sensoriamento, multimídia e processamento avançado de chips, para criar uma solução abrangente e integrada de processador automotivo. Para auxiliar na direção, já estão disponíveis módulos que incluem sistemas de assistência ao motorista baseado em visão (V-ADAS, da sigla em inglês). Essa tecnologia utiliza unidades versáteis de processamento visual (VPU) para lidar com grandes quantidades de imagens dinâmicas, com baixo consumo de energia.

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Com os dados coletados em tempo real pelos sensores do veículo, a segurança na direção é aprimorada. Os carros conectados permitirão que sejam coletados (e enviados pela internet) um grande volume de dados sobre os carros, que podem monitorar recursos como sistemas de freio, pressão dos pneus, e até mesmo em casos de roubo do veículo, com o rastreamento do carro, com dados sendo compartilhados com seguradoras ou mesmo com as autoridades.

E os sistemas também aprendem com o motorista e as situações de trânsito. O Autus V-ADAS, por exemplo, adota a tecnologia de aprendizado de máquina para melhorar a precisão e a velocidade de detecção, o reconhecimento de objetos e para rastrear recursos que permitem “enxergar” faixas, veículos, pedestres e outros itens em movimento, com calibração de múltiplas lentes e monitoramento panorâmico.

Sem dúvida, a indústria automobilística avança para a direção assistida avançada e condução autônoma, com o sistema do veículo substituindo gradualmente as iniciativas humanas. E o caminho para esses avanços tecnológicos passa primeiro pela infraestrutura da IoV.