Um levantamento do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich), na Suíça, demonstrou que robôs podem ser mais eficientes que humanos para ensinar habilidades que envolvem competências motoras. O cientista do Laboratório de Sistemas Motores Sensoriais e do Departamento de Ciências e Tecnologia da Saúde do ETH, Georg Rauter, é o principal autor da pesquisa, que foi publicada na revista científica Science Robotics.

Para fazer o estudo, Rauter e sua equipe fizeram experiências em práticas de remo com um treinador robô e obtiveram resultados que mostram que personal trainers robóticos podem ser uma tendência no futuro. Nos testes, os participantes sem habilidades em remo treinaram com um simulador do esporte. Enquanto remavam, o treinador robótico analisava os dados em tempo real.

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Quando alguém errava a técnica ou o movimento, o robô imediatamente chamava sua atenção, visualmente, com sons ou por feedback tátil. Rauter explica que, depois de analisar o desempenho dos participantes, o robô adapta feedbacks específicos para cada um deles de forma a se concentrar na resolução de seus piores erros.

Outro grupo, chamado de ‘controle’, recebeu de humanos o mesmo feedback que participantes similares do primeiro grupo (‘experimental’) obteve roboticamente. Resultado: o grupo que recebeu a análise personalizada de desempenho do robô aprendeu mais rápido que o de controle. “Graças a uma avaliação imediata de desempenho e, consequentemente, um feedback individualizado feito pelo sistema robótico, o aprendizado motor humano foi acelerado”, explicou Rauter. 

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À ZDNet, o cientista diz que as possibilidades futuras de alugar um tempo em academias robóticas podem ser de “grande interesse para treinar de forma mais eficaz”. “Em especial para o grande número de atletas amadores que não podem pagar sessões de treinamento profissional”, considera.

Treinamento complementar

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Para a equipe de pesquisadores, sistemas de treinamento robótico podem também ser adicionados em academias ou usados para complementar programas de treinamento esportivo pessoal. Por exemplo, um regime de condicionamento físico pode incluir treinos com um humano uma vez por semana, somados à prática personalizada por um treinador robótico em casa.

Além disso, mecanismos de personal trainers robôs podem ser usados em outras categorias de aprendizado motor além do esporte. Principalmente em atividades complexas e que só podem ser executadas uma vez na vida real. Por exemplo, os pesquisadores sugerem que os treinadores robóticos venham a ser úteis para treinamento de astronautas, pilotos e cirurgiões.

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Outra potencial aplicação é a reabilitação física: assim como nos treinamentos de remo, robôs podem personalizar sessões de fisioterapia e fornecer feedback imediato. Os cientistas apontam que esses sistemas auxiliariam em ações repetitivas que exijam esforço físico dos terapeutas, como evitar que os pacientes caiam ou ajudar em sua movimentação. “Isso pode diminuir a dependência [dos pacientes] e, com custos mais baixos, aumentar a duração do treinamento”, argumenta Rauter.

“Ao mesmo tempo, o poder de cálculo necessário para criar e consertar um robô é facilmente disponível nos computadores atuais”, lembra. Antes do estudo de Rauter, outros pesquisadores experimentaram robôs em treinamento esportivo, como golfe, tênis, pingue-pongue, vôlei, boxe e esqui. Porém, o custo elevado da tecnologia e do hardware robótico dificultam a adoção generalizada desses treinadores.

“No entanto, semelhantemente ao auge observado em hardware de realidade virtual e aplicativos nos últimos anos, um boom para a robótica pode ajudar a oferecer treinadores automatizados para o público em geral”, conclui Rauter.