Trens autônomos, inteligentes e, hoje, pró-ativos. A gente foi conhecer de perto o que milhões de pessoas usam todos os dias, mas que pouquíssimos conhecem: os bastidores da operação de um dos melhores exemplos de transporte público urbano do país. Com 96 quilômetros de trilhos e 84 estações espalhadas pela capital paulista, o metrô de São Paulo é exemplo de pioneirismo em tecnologia há mais de 50 anos.

Falar em trens autônomos por aqui não é novidade. A primeira tecnologia implantada no sistema, em 1974, quando o metrô inaugurou sua operação comercial, já permitia o controle automatizado das composições. E, em algumas linhas, a mesma tecnologia é usada até hoje com eficiência e segurança.

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O grande gargalo dessa tecnologia é que, por segurança, ela não permite o aproveitamento máximo das vias. Os blocos de trilhos são grandes e os trens precisam andar bem afastados uns dos outros. Mesmo assim, é automático: funciona por eletricidade. Como as rodas do trem são de ferro, quando elas encostam no trilho de aço, fecham um circuito. Essa é a indicação de que existe um trem naquele bloco. A informação é então transmitida para computadores centrais que, sabendo a posição de cada trem, controlam o fluxo. Se o bloco da frente estiver livre, o trem segue; se estiver ocupado, espera…

Mas agora uma nova tecnologia já em operação em algumas linhas melhorou ainda mais a operação do metrô. Similar ao que vem acontecendo com a evolução dos veículos autônomos, os trens são capazes de se comunicarem entre si e possuem uma série de sensores acoplados em seu entorno. O sistema é a base para o nível máximo de automação. Ou seja, completamente independente de um condutor. E permite que o trem responda de forma dinâmica ao tráfego da linha.

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Com o novo sistema é possível colocar mais trens na via. Para o passageiro, vira sinônimo de uma oferta maior de trens, mais espaço, conforto e regularidade das viagens.

Similar à aviação, tudo o que chega de novo no sistema metroferroviário precisa ser exaustivamente pensado e testado para garantir, acima de tudo, a segurança dos usuários. Como os trens andam rápido, foi preciso criar um sistema específico e estável de comunicação para implantar a nova tecnologia. Em uma combinação de rede Wi-Fi com arquitetura de banda larga móvel, o sistema é capaz de trocar informação com todos os trens em funcionamento em um intervalo inferior a 500 milissegundos; isso mesmo, meio segundo.

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E se ninguém está lá para acelerar ou frear o trem, todos os comandos para o fluxo diário do metrô saem daqui, do Centro de Controle Operacional – é o cérebro do sistema.

Com a nova tecnologia de condução autônoma, além dos passageiros ganharem mais trens e conforto, o meio ambiente também é favorecido: o sistema de condução pró-ativa consegue gerar uma economia de até 10% de energia elétrica graças à uma dinâmica melhor de aceleração e frenagem dos trens. Por último, claro, o próprio metrô se beneficia de um sistema todo conectado e os inúmeros dados gerados para, sem ter que parar o serviço, fazer a prevenção de problemas e diminuir a necessidade de manutenção nos trens.