No mês passado, o Google anunciou para o mundo o Stadia, seu serviço de streaming de jogos por meio da plataforma de computação em nuvem da empresa, o Google Cloud. Na ocasião, a Big G deixou em aberto uma grande questão: como ela e os desenvolvedores lucrariam com a produção de games para servidores remotos? Até porque, no evento de apresentação, não houve menções de valor de venda dos produtos, de um eventual serviço de assinatura ou eventuais modelos de negócio. 

Na última terça-feira (23), o vice-presidente do Google, Phil Harrison, comentou no GamesBeat Summit, em Los Angeles, que a plataforma foi arquitetada fundamentalmente para suportar uma ampla variedade de opções de monetização. “Tudo, desde a compra, transação até a assinatura”, disse. Mais uma vez, no entanto, a afirmação do executivo não esclareceu quais modelos de transmissão de jogos a plataforma irá suportar.

Além disso, a fala de Harrison não é uma confirmação se todas as diferentes opções de distribuição estarão liberadas para os desenvolvedores no Stadia. Ele apenas garante que “não há limitação técnica”, o que não diz muito sobre o que esperar dos modelos de negócio da plataforma. A arquitetura proposta pelo vice-presidente da empresa não funcionaria, por exemplo, se o Google estiver planejando impor uma assinatura única.

Uma das possibilidades de consumo de jogos do Stadia que Harrison destacou no evento foi o fácil compartilhamento de um game por meio de um link, além de permitir que gamers entrem instantaneamente em um jogo que estão assistindo no YouTube em um ponto específico do vídeo.

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De acordo com ele, esse formato de distribuição mudaria o olhar do cliente sobre o preço dos jogos e removeria a “pressão” (lê-se custos) das lojas de varejo (físicas ou online). “Quando um jogo é um link, a Internet é sua loja”, disse. Se de fato isso acontecer e o valor de marketing dos games for menor, a assinatura da Stadia pode vir em um preço mais acessível.

Nesse caso, a experiência de descoberta de novos jogos pode se tornar mais agradável se o usuário não for obrigado a comprar um jogo cada vez que clicar em um link. Na verdade, há a possibilidade de diversos modelos de negócios para a aquisição de um game, como uma assinatura na qual o usuário pode jogar à vontade, jogos gratuitos, mas com anúncios, ou um trial, em que o um título pode ser testado por um determinado tempo, permitindo que o consumidor decida se quer adquiri-lo ou não. E parece que todas as opções, e mais outras, poderão funcionar no Stadia.

Harrison ainda projetou visões grandiosas de jogos da Stadia habilitados com “compreensão de conversação” baseada em Inteligência Artificial (IA) e em comandos de voz transmitidos através do microfone embutido no controle.

As pesquisas do Google em IA e aprendizado de máquina poderiam fazer com que personagens não jogáveis dos games (NPCs) respondessem de maneira contextual aos comandos do jogador. Para isso, o executivo observou que seria necessário um “enorme” banco de dados com opções de conversação construídas em tempo real.

O avanço em conhecimento de aprendizado de máquina também poderia, futuramente, ajudar desenvolvedores da Stadia a produzir conteúdo mais barato, usando menos mão-de-obra e tempo.

Harrison disse que o Google vai fornecer mais detalhes sobre o plano de negócios, formas de compra e acesso aos jogos e características dos games que estarão disponíveis na Stadia nos próximos meses.

Via: Ars Technica