A indústria turismo espacial está dando à Nasa algumas ideias sobre como transformar a órbita baixa da Terra — onde a Estação Espacial Internacional (ISS) circula, acima do nosso planeta — em uma área repleta de habitats comerciais e plataformas para futuros viajantes espaciais. Potencialmente, esses “destinos” poderiam ser usados como locais para pesquisa e fabricação e para gerar lucro à agência especial norte-americana, claro. Mas tal utopia comercial em órbita não será fácil até que o custo do lançamento caia, segundo a entidade.

Hoje, a NASA divulgou pequenas propostas de 12 empresas comerciais (Blue Origin, Lockheed Martin, Boeing e outras) sobre como criar uma economia comercial viável na órbita baixa da Terra, cuja sigla é LEO (Low Earth Orbit, em inglês). Em 2018, o pedido de orçamento do presidente Donald Trump propunha acabar com o financiamento direto do governo para o ISS até o final de 2024. Desde então, a agência espacial está em busca da melhor maneira para finalmente não ficar nas mãos dos fundos do governo norte-americano. Ela alegou querer fazer a transição de suas operações e do domínio da órbita baixa da Terra para a indústria espacial comercial, que se tornaria sua financiadora integral.

Em última análise, a agência quer ainda ter acesso a algum tipo de estação espacial humana na órbita baixa da Terra. Isso permitiria que as pesquisas no espaço continuassem. Funcionários da agência disseram que, provavelmente, as empresas pagarão para ter acesso a um habitat comercialmente administrado no futuro.

Os resumos do estudo — divulgados em uma apresentação de slides no site da NASA — analisam várias maneiras pelas quais as empresas comerciais podem assumir as operações na LEO. Algumas empresas, como a Blue Origin e a NanoRacks, estão propondo a construção de suas próprias estações espaciais a partir das bombas de foguetes lançadas em órbita. Outras, como a Axiom, pedem o lançamento de módulos comerciais que seriam ligados à Estação Espacial Internacional no início; posteriormente eles se separariam, formando estações privadas e separadas.

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Os estudos consideraram uma ampla gama de modelos de negócios e propuseram o uso desses habitats como locais para filmagem, patrocínios, prática de esportes, turismo e muito mais. No entanto, a NASA observou que o alto custo para transportar pessoas e cargas até o espaço pode dificultar a entrada de empresas comerciais nessa nova “arena econômica”. A agência sugeriu “mais acesso à ISS para as empresas”. No entanto, não deu explicações sobre em que exatamente isso consistiria.

Por enquanto, esses estudos são apenas conceitos e a NASA não está, oficialmente, dando sequência a nenhum método de comercialização da LEO. Também não está claro exatamente quais são os planos futuros para a Estação Espacial Internacional e a órbita baixa, em geral. Alguns legisladores, como o senador Ted Cruz (R-TX), estão tentando aprovar uma legislação que assegure que a NASA continue operando a ISS até 2030. Portanto, o tempo exato para a saída da NASA da região do espaço é uma questão sem resposta. Contudo, comercialmente, os sinais são bons, já que as empresas estão sendo estimuladas a pensar em maneiras de ganhar dinheiro com os baixos habitats espaciais voadores.