Em novembro passado, a sonda InSight, da Nasa, aterrissou em Marte. Com a inclusão do sismógrafo SEIS ao equipamento, a InSight captou pela primeira vez em abril deste ano um “martemoto”, tremor similar a um terremoto. Para cientistas da Universidade da Califórnia, nos EUA, os abalos sísmicos sugerem que existe água subterrânea no planeta.

A partir de informações sobre Marte obtidas com a sonda, o cientista planetário Michael Manga publicou um estudo que mostra semelhanças entre os tremores registrados no Planeta Vermelho e os abalos sísmicos da Terra, especificamente aqueles detectados em Oklahoma e no Texas. A pesquisa foi publicada na revista Geophysical Research Letters.

Segundo Manga e os demais pesquisadores envolvidos no estudo, os tremores de Marte podem ser causados pela injeção de águas residuais no subsolo. E isso aumenta a pressão e leva ao deslizamento de falhas (rupturas) tectônicas e às vibrações do solo.

O mesmo acontece com alguns abalos sísmicos na Terra induzidos por fraqueamento hidráulico (fracking). A técnica é um tipo de perfuração do solo usada na extração de gases ou óleos de rochas profundas a partir da injeção de água com solventes químicos. A grande pressão produzida por esses líquidos provoca explosões que fragmentam a rocha e, consequentemente, podem causar terremotos.

publicidade

Semelhanças entre os “martemotos” e os terremotos

Os “martemotos” podem ter sido induzidos por um processo semelhante ao fracking, como acontece na Terra, por exemplo, nos terremotos sentidos em Oklahoma e no Texas. Manga propõe que existem em Marte reservatórios de água subterrânea líquida comprimida em razão de baixas temperaturas, que podem congelar camadas superficiais de água. Sob pressão, o fluido pode causar movimento entre as falhas tectônicas, o que justificaria os tremores detectados pela Insight.

Além disso, os pesquisadores apresentaram outras causas para os “martemotos”. Como a compressão de água pode não ser suficiente para explicar os tremores no solo do planeta, Manga fez experimentos com outros dois “gatilhos”. Em simulações de computador, ele identificou que os movimentos das rochas geológicas de Marte podem ter influência da lua de Marte, a Fobos, e da mudança na pressão barométrica causada pelo aquecimento e pelo resfriamento da atmosfera marciana.

Se a InSight encontrar comprovações da teoria da pesquisa, no futuro pode ser possível encontrar água líquida em Marte sem nenhum tipo de explosão do solo. Como ela estaria sob pressão elevada, perfurações podem permitir que ela saia sozinha à superfície a partir de processos geológicos. A hipótese também pode explicar algumas das características vistas em luas geladas do sistema solar, como cumes gelados e vulcões de gelo.

Via: Blogosphere