A Índia decidiu suspender o lançamento de sua aguardada segunda missão lunar, pouco antes da decolagem. Um problema técnico foi alegado como a causa da mudança de planos. O relógio de contagem regressiva para a missão Chandrayaan-2 — que deveria decolar da costa leste do país às 2h51 — foi interrompido com 56 minutos e 24 segundos restantes.

A Organização de Pesquisas Espaciais da Índia, que havia planejado transmitir ao vivo o evento para espectadores on-line, tuitou que um problema havia sido detectado no sistema de veículos de lançamento e que as autoridades haviam adiado a missão “como uma medida de precaução”. Uma nova data deverá ser anunciada em breve. Muitos indianos responderam ao tweet da agência na segunda-feira com mensagens de apoio.

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O adiamento representa um golpe para os planos indianos do país se consolidar como uma potência espacial. Com a missão Chandrayaan-2, a Índia esperava se tornar a quarta nação a pousar na Lua — depois de Estados Unidos, Rússia e China. 

Os êxitos passados da Índia no espaço vieram de tecnologias caseiras, de baixo custo, que ajudaram a alcançar avanços como a descoberta de água na superfície da Lua. O programa espacial, uma fonte de orgulho nacional, permitiu ao país desenvolver previsões climáticas mais precisas e melhorar os sistemas de navegação para seus mísseis. 

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Pallava Bagla, editor científico do canal de notícias NDTV, disse que a falha parece estar no estágio do motor criogênico — a fase final do veículo de lançamento espacial. Até então, a última atualização sobre o lançamento disponibilizada pela agência espacial no Twitter (abaixo) alegava que o estágio de preenchimento do tanque de hidrogênio líquido já estava concluído. 

Bagla disse que uma segunda tentativa pode ocorrer este mês. 

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“Mesmo se fosse adiado por um ano, não faria muita diferença”, disse ele, acrescentando que nenhuma outra missão seria capaz de atingir a região lunar antes disso. 

Composto por um orbitador, um lander e um rover, o Chandrayaan-2 seria lançado pelo foguete mais poderoso do país — conhecido como Veículo de Lançamento de Satélite Geossíncrono Mark III — a uma altura de 144 pés, pesando mais de 640 toneladas — cerca de 1,5 vezes a de um jato Boeing 747 totalmente carregado.

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Chaitanya Giri, bolsista do programa de estudos espaciais e oceânicos do think tank Gateway House, em Mumbai, chamou o Chandrayaan-2 de “missão pioneira de habitação humana além da Terra”. Se bem-sucedido, disse ele, a Índia se tornaria o primeiro país para pousar no polo sul lunar. 

A missão, que custou US$ 141 milhões, está bem abaixo dos US$ 25 bilhões gastos pela NASA no programa Apollo, nos anos 1960 e 1970. A Índia aumentou seu orçamento espacial neste ano para US$ 1,8 bilhão — o que ainda é uma  fração dos gastos norte-americanos.

No ano passado, o primeiro-ministro do país, Narendra Modiprometeu, prometeu que até 2022 a Índia enviará uma missão tripulada ao espaço. Rakesh Sharma, o único indiano que esteve no espaço, fez parte de uma missão russa em 1984.

Via: The Washington Post