Pense na seguinte situação: seu forno liga sozinho por volta das 2h30 e aquece até 400°C por quatro horas enquanto você dorme. O proprietário de um Smart Oven, da June, viveu essa situação e ainda capturou em vídeo o momento exato em que o dispositivo ligou por conta própria. Ele conta que sua mulher usou o aparelho por volta das 23h30, na noite do incidente, mas o desligou quando terminou.

Pelo menos três fornos inteligentes da marca ligaram no meio da noite e aqueceram até 400ºC ou mais. Os proprietários não sabem por que isso aconteceu, mas a fabricante diz que a culpa é deles. “Em alguns casos, os clientes ativaram acidentalmente o pré-aquecimento pelo celular”, afirma Matt Van Horn, CEO da June. Em outro incidente, a equipe de suporte da June culpa a assistente Alexa, da Amazon. E houve outro caso, em que, apesar de ter substituído o produto, a June informa que os motivos eram outros, não relacionados.

Outros dois incidentes semelhantes foram reportados em um grupo privado no Facebook, o “June Owners”, ao qual o site The Verge teve acesso. O primeiro deles ocorreu em maio: o usuário explica que assou batatas por volta das 17h, as deixou esfriando no forno e, aparentemente, esqueceu de tirá-las. Na manhã seguinte, descobriu que o dispositivo ligou sozinho durante a madrugada e cozinhou novamente o ingrediente a 425°C por 4 horas e 32 minutos.

Van Horn diz que uma atualização, prevista para setembro, permitirá que os donos desativem o pré-aquecimento remoto — mesmo assim, ele ainda virá ativado por padrão. Em 2020, a June planeja ter fornos que reconhecem quando não há comida neles. E se nenhum item for detectado após um período, os elementos de aquecimento serão desligados.

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O dilema do controle remoto

O primeiro Smart Oven foi lançado em 2015. Tinha câmera e visão de computador para identificar os alimentos presentes no interior e custava US$ 1.495. A June arrecadou quase US$ 30 milhões em financiamento e lançou a versão de segunda geração em 2018, por US$ 599.

O equipamento é visto como “sete aparelhos em um”: fritadeira a ar, desidratador, fogão lento, grelha, torradeira, aquecedor e, claro, forno de mesa. É possível escolher as configurações de temperatura e cozimento em um aplicativo móvel e acompanhar o preparo ao vivo, graças à câmera integrada.

Desde seu lançamento, concorrentes como Tovala e Brava procuram oferecer substitutos com funções extras, como permitir o monitoramento dos alimentos no aplicativo e, em alguns casos, assinar um plano de entrega de ingredientes. No entanto, essa promessa conectada traz riscos: o forno está ao alcance de um toque no smartphone, o que pode ser bom e ruim.

Fonte: The Verge