Um algoritmo do Facebook identificou centenas de milhares de crianças como possíveis interessadas em álcool e jogos de azar. De acordo com as ferramentas de publicidade da rede social, cerca de 740 mil menores de idade possuem interesse em jogos de azar e 940 mil em bebidas alcoólicas

Os “interesses” são gerados automaticamente, com base no que as ferramentas aprenderam ao monitorar as atividades dos usuários. Os anunciantes podem usar essas informações para direcionar mensagens específicas para determinados grupos que foram sinalizados como interessados no assunto.

“Não permitimos anúncios que promovam a venda de álcool ou jogos de azar a menores de idade no Facebook e nos portamos contra essa atividade quando a encontramos. Também trabalhamos em estreita colaboração com os reguladores para fornecer orientação aos profissionais de marketing para ajudá-los a atingir seus públicos de forma eficaz e responsável”, disse o Facebook em comunicado. 

Ainda assim, anunciantes conseguem direcionar mensagens para crianças com base em suas curiosidades pelas práticas proibidas. A segmentação de interesses também pode ser destinada para outros fins. Os desenvolvedores de um jogo de exploração, por exemplo, poderiam direcionar seus anúncios para crianças interessadas no game, sem violar nenhuma regra da empresa.

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O Facebook conta com uma revisão automatizada para sinalizar anúncios que violem suas políticas. Ainda assim, não é garantido que ela encontre violações antes que a publicidade comece a ser exibida. A empresa recentemente firmou uma ação judicial com o especialista financeiro Martin Lewis, com o intuito de manter sua imagem longe de anúncios fraudulentos.

A categorização automática de usuários do Facebook foi outra prática criticada anteriormente. Em maio de 2018, verificou-se que a rede social estava coletando dados de usuários interessados em tópicos como homossexualidade, islamismo e liberalismo, apesar de sexualidade, religião e convicções políticas estarem marcadas como “informações confidenciais” pelas leis de proteção de dados do GDPR da UE.

Em março deste ano, o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos EUA acusou a rede social de violar a Fair Housing Act. O Facebook disse na época que trabalharia com o departamento e grupos de direitos civis para melhorar seu sistema de segmentação de anúncios.

Fonte: The Guardian