Ninguém sabe ao certo como a vida começou na Terra. Alguns acreditam que ela veio de uma “sopa primordial” de compostos orgânicos dissolvidos em água, outros favorecem uma origem ao redor de fontes hidrotermais no fundo dos oceanos, e também há a teoria da panspermia, segundo a qual a vida teria se originado em outro planeta e vindo até a Terra de carona em um cometa ou asteróide.

Mas um novo estudo publicado na revista Nature por uma equipe liderada por Sean F. Jordan, um pesquisador de pós-doutorado da University College London (UCL) traz mais força à teoria das fontes hidrotermais.

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Um dos pontos cruciais é entender a origem das membranas celulares. Elas são feitas principalmente de fosfolipídios, compostos por moléculas simples incluindo ácidos graxos, isoprenoides e açúcares. Os fosfolipídios são produzidos apenas por organismos vivos. Mas os ácidos graxos podem ser formados no meio ambiente por meio de reações entre rochas e água, e isoprenoides ou moléculas semelhantes também podem ser produzidas dessa maneira.

Essas moléculas simples formam estruturas chamadas vesículas, que são semelhantes às células, pois formam uma membrana de camada dupla em torno de um espaço cheio de água. E as vesículas podem desempenhar muitas das mesmas funções que as membranas celulares. Isso levou os pesquisadores a investigar a possibilidade de que as vesículas possam ter sido as primeiras membranas celulares, ganhando o título de “protocélulas”.

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Muitas experiências foram realizadas em protocélulas para ver se elas podem suportar as condições ambientais necessárias para as primeiras células vivas. Por exemplo, eles se formam rapidamente na água, podem encapsular outras moléculas orgânicas e o RNA, uma molécula semelhante ao DNA, pode ser produzido dentro delas. Um grande problema é que essas protocélulas não gostam de sal. Na verdade, elas odeiam.

Pesquisas anteriores mostraram que as protocélulas simplesmente não se formam na presença das concentrações de cloreto de sódio, magnésio e cálcio encontradas na água do mar. Isso levou alguns a afirmar que a vida não poderia ter começado no oceano.

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O que Sean e seus colegas perceberam ao analisar a pesquisa anterior é que as protocélulas artificiais criadas em condições de laboratório foram feitas usando entre um e três tipos de moléculas, embora as experiências tenham mostrado que haveria muito mais moléculas disponíveis no oceano primordial.

Mas quando usaram uma combinação de 14 moléculas, descobriram que poderiam formar protocélulas que poderiam encapsular moléculas orgânicas, mesmo em misturas contendo cloreto de sódio, magnésio e cálcio nas concentrações da água do mar. As soluções tinham que estar a uma temperatura em torno de 70 ° C e alcalinas, em torno de pH 12. Condições similares às encontradas em fontes hidrotermais no fundo dos oceanos.

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O trabalho mostra não apenas que essas protocélulas podem se formar nas condições criadas por fontes hidrotermais, mas que elas realmente precisam dessas condições para sobreviver. Isso não prova que foi lá que a vida começou, mas reforça a possibilidade. Também é relevante para a busca de vida em outros planetas, já que é possível que existam fontes hidrotermais alcalinas no fundo dos oceanos nas luas geladas de Júpiter e Saturno.

Fonte: The Conversation