Titã, a segunda maior lua do sistema solar, é cheia de mistérios. Uma espessa camada de nuvens de metano obscurece sua superfície, o que impede uma análise aprofundada de suas características geológicas.

Mesmo assim, cientistas foram capazes de enxergar sua superfície, graças a alguns trabalhos com a sonda Cassini. A sonda orbitou Saturno entre 2004 e 2017, passando mais de 120 vezes pela lua Titã. Graças a essas repetidas visitas, os radares do Cassini tiveram tempo para examinar as características de Titã, resultando no primeiro mapa geológico global da lua de Saturno.

Esse mapa, publicado na Nature Astronomy, identifica seis características-chave (ou “unidades geológicas”): planícies, dunas, terreno montanhoso, lagos, labirintos e crateras. A superfície do Titã é dominada por planícies nas latitudes médias, que representam aproximadamente 65% da área que foi mapeada. As dunas abrangem o comprimento da linha do Equador, enquanto os polos abrigam os estranhos lagos de metano presentes.

Os cientistas observaram que a maioria dos lagos de Titã estão situados no polo norte, enquanto o polo sul parece relativamente seco. Isso pode ser resultado de ciclos climáticos globais, e as características distintas de Titã sugerem que há vários processos agindo em sua superfície, controlados pelo clima, estações e elevação.

publicidade

A Nasa publicou o mapa completo do satélite, mostrando suas principais características geológicas.

Foto: Nasa
Titã é considerada uma versão da Terra com poucas diferenças, o que levanta algumas perspectivas, como se o satélite poderia abrigar vida, além de questionamentos de como seria viver em um local onde os ciclos de metano são bem diferentes.

A Nasa planeja retornar à Titã em 2034 para a missão Dragonfly, que lançará um drone sob sua superfície. O veículo será o primeiro da Nasa a realizar uma missão científica em outro mundo. Ele será capaz de decolar e pousar na paisagem de Titã. Durante essa missão, a Nasa espera percorrer aproximadamente 175 quilômetros, durante um estudo inicial de quase três anos.

“A missão Cassini revelou que Titã é um mundo geologicamente ativo, onde hidrocarbonetos, como metano e etano assumem o papel que a água tem na Terra”, disse David Williams, geólogo planetário da Universidade do Arizona. “Esses hidrocarbonetos chovem na superfície, fluem em córregos e rios, se acumulam em lagos e mares, e evaporam na atmosfera. É um mundo bastante surpreendente”, completa Williams.

Via: Cnet