Você já observou o formato das asas dos aviões atuais? As pontas são dobradas para cima. Isso aumenta a eficiência da aeronave, evita turbulências e diminui as chances de haver acidentes no momento do pouso. Essa característica só foi incorporada aos aviões modernos na década de 1980.

500 anos antes, na segunda metade dos anos 1400, entretanto, um intelectual já a estudava. Era Leonardo da Vinci. E foi graças a suas observações acerca do voo de falcões que as pontas das asas das aeronaves foram modificadas e ganharam o formato que têm hoje.

Leonardo é conhecido mundialmente por suas pinturas — e, mais notadamente, pela famosa Monalisa —, mas ele foi muito além das tintas e das telas: era um artista que atuava também em outras áreas, como a engenharia e a ciência.

Além dessa multiplicidade de interesses, Leonardo provou ser, acima de tudo, um visionário. Não é à toa que seus estudos continuam atuais até hoje. Leonardo foi o primeiro a idealizar um carro autônomo, por exemplo. Ele criou um modelo simples, de madeira, que funcionava à corda.

publicidade

Anos mais tarde, o experimento foi reproduzido e realmente funcionou. Os carros autônomos de hoje são muito mais avançados, mas, nos anos em que Leonardo viveu, o modelo pensado por ele fazia todo o sentido.

Outra invenção de Leonardo foi um soldado robô. Trata-se de um conjunto de capacete e armadura com mecanismos internos. O torso artificial montado a partir de informações e notas secretas é capaz de bater as mãos contra o peito quando o dispositivo é acionado.

Essa criação mostra, ainda, os conhecimentos de Leonardo sobre anatomia. Para tornar a aparência desse humanoide mais real, ele propôs o uso de diferentes tipos de madeira, de um sistema móvel para representar os ossos e de espaçadores entre a armadura e a estrutura.

Leonardo criou tantas engenhocas que, mesmo sem querer, influenciou produtos que nem imaginava que pudessem vir a existir. É o caso da primeira escova de dentes elétrica desenvolvida com capacidade para limpar os espaços entre os dentes.

Boa parte dos ensaios produzidos por Leonardo, entretanto, se provava inviável. As máquinas que ele criava em geral não funcionavam e, invariavelmente, quebravam quando eram montadas e colocadas em ação. Ele, então, ia em busca de respostas, estudava possibilidades e, a partir delas, fazia novos esboços.

Com isso, a coleção de trabalhos produzidos por ele tornou-se muito grande e variada. Estima-se que Leonardo tenha escrito por volta de 13 mil folhas, mas só 7 mil delas foram encontradas até hoje.

Ou seja, praticamente metade de sua obra ainda não foi descoberta. É possível que esse material esteja misturado às páginas de livros antigos em bibliotecas de diferentes partes do mundo.

Apesar de ter morrido já idoso, aos 62 anos, em uma época em que a expectativa de vida não chegava aos 40, Leonardo deixou muitas obras inacabadas. Um dos motivos era o fato de ele não se conformar quando algo não saía como imaginado. Isso, no entanto, foi o que o levou a produzir tanto – para encontrar explicações para os insucessos.

Aparentemente, Leonardo tinha receio de que suas ideias fossem copiadas e, por isso, não as divulgava. Ele até passou a escrever de forma espelhada para evitar essa possibilidade. Felizmente, tudo o que já foi encontrado está disponível hoje para o bem da humanidade. E o que ainda está oculto pode trazer novos insights no futuro, quando for descoberto.