Entrei cedo no mundo dos smartphones, mais precisamente em 2007, quando a Apple lançou o primeiro iPhone. Eu já era fã dos iPods – inclusive, na época, cheguei a criar com um amigo o primeiro site somente com notícias sobre o tocador de MP3 mais desejado do momento. A partir de então, quase sem perceber, me tornei praticamente um (odeio essa palavra) “fanboy” da marca. A Apple realmente tinha me conquistado – começava então um caso de amor.

Durante 10 anos, minha relação com a Apple foi de total fidelidade – tive pelo menos cinco iPods de diferentes gerações e modelos e passei por quase todas as versões do iPhone. Até que, em meados de 2017, já não estava mais feliz; e por diversos motivos: preço, performance, falta de inovação nos iPhones e a desconfiança da tal “obsolescência programada”… E quando a gente não está contente, fica mais fácil abrir os olhos para outras possibilidades.

Tchau, iPhone! (ou melhor, até breve…)

Resumindo essa história, no final de 2017 vendi meu iPhone, sem dó, sem olhar para trás e resolvi dar uma chance a um novo mundo: o Android. Não foi uma decisão fácil. Por muito tempo tive medo do Android – tudo indicava que a experiência estava longe da fluidez e leveza do iOS. O que finalmente me convenceu, além do desencanto com a Apple, foi a chegada do Google Pixel 2. Os reviews do aparelho eram os melhores possíveis, isso sem contar possibilidade de experimentar o chamado “Android puro” que prometia uma experiência sem precedentes no sistema operacional móvel do Google.

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Troquei e não me arrependi. Minha primeira relação com um dispositivo Android começou em janeiro de 2018, com um Google Pixel 2.

Um novo amor chamado Android (puro)

O sistema operacional “puro” do Google – combinado com um smartphone top de linha na época – me surpreendeu da melhor forma possível. Em poucos dias de uso eu já era o cara que falava mal da Apple e adorava a liberdade do meu novo Android: um verdadeiro “vira-casaca”. Eu estava tão apaixonado que, no começo de 2019, comprei o Pixel 3. A relação já era séria e estável neste ponto. Estava muito contente e não sentia falta alguma do “mundinho Apple” – ainda que eu não troque meu Macbook por nada. Eis então que, agora, janeiro de 2020, para minha surpresa, aqui estou, novamente com uma maçã no bolso; um iPhone 11 Pro. Não tive coragem de me desfazer do Pixel (nem vou), ele saiu do bolso, mas anda todos os dias comigo na mochila.

Revendo esta novela na minha cabeça, resolvi fazer uma análise rápida do que mais me agrada ou desagrada em cada plataforma. Isso, na minha humilde opinião de jornalista de tecnologia há 10 anos: o melhor e o pior entre Android (10) e iOS (13).

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O que o Android faz (muito) melhor

Liberdade! A primeira coisa que eu notei é a liberdade que a plataforma do Google dá ao usuário. O Pixel era “do meu jeito”, desde o tamanho e formato dos ícones, os widgets, até o modo desenvolvedor eu tinha ativado para, por exemplo, diminuir o tempo das animações de transição entre aplicativos para o tudo parecer mais rápido – e realmente parecia. Fora isso, o Pixel, por ser o aparelho do Google, traz sempre muitas novidades para serem experimentadas antes de elas serem liberadas para outros aparelhos, como o Google Lens e as inúmeras novidades dos aplicativos do ecossistema Google. Isso, sem contar a perfeita integração com os serviços como Gmail, Google Photos, Drive, etc…

O Android possui a gaveta de aplicativos, assim você não precisa ter toooodos seus apps na tela inicial do telefone. Sinceramente, é bem chato ter que ficar organizando um monte de aplicativos em cada uma das telas no iPhone. Aliás, sofro com isso até hoje – e perco um tempão tentando deixar eles da melhor forma para o meu uso diário. É tão chato que hoje evito instalar apps simplesmente por instalar; no meu iPhone agora só tem o que eu realmente uso no dia a dia.

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Notificações (aprenda, Apple)

Eu acho o sistema de gerenciamento de notificações no Android bem melhor do que no iOS. É verdade, a Apple melhorou isso ultimamente, mas ainda não é nem parecido com o que é oferecido no Android. Depois de serem exibidas, as notificações no iPhone ficam agrupadas em diferentes seções. Eu mesmo já perdi algumas mensagens importantes por simplesmente não ter visto a notificação na hora que ela pulou na tela. Fora isso, as notificações não são expansíveis como no Android – ou seja, toda vez que quero ler mais sobre determinada notificação, eu preciso abrir o app para ter mais informação. Por último, no Android, para limpar as notificações, basta arrastá-las para o lado; simples e intuitivo assim. Putz, no iPhone tem que ir por blocos, apagando as notificações de cada aplicativo ou todas de uma vez. Não gosto!

Google Assistente vs. Siri (um nocaute)

Desculpa, Siri, mas você não chega aos pés do Google Assistente. Tudo bem, em 2011, a Apple foi a primeira fabricante a lançar uma assistente virtual embarcada nos seus telefones e, durante muito tempo, a Siri ficou sem concorrência. Mas, para mim (e também pra muita gente que já experimentou os dois mundos), o Google Assistente oferece uma experiência muito superior. Além de estar mais integrado com todo o ecossistema Android, o assistente virtual do Google entende muito melhor a maioria das interações. O Google Assistente está integrado a todos meus dados no Android e, mais do que isso, as respostas me satisfaziam a maior parte do tempo. Sem dúvida, a questão de ter como base de dados o sistema de pesquisas do Google é quase covardia contra a Apple. Outra coisa bem legal é que o Google Assistente consegue ser mais proativo e até fazer recomendações, consultando minha agenda e conta do Gmail para reservas e compromissos futuros, por exemplo. Tudo bem, eu poderia instalar o aplicativo do Google no iPhone, mas não é a mesma coisa. E, por enquanto, a Siri vai ficar quietinha por aqui…pelo menos por enquanto.

PIP – o sistema “Picture in Picture” do Android

O Android trouxe a função “picture in picture” para alguns dispositivos desde sua versão Oreo, em 2017. Por exemplo, se eu estivesse navegando no Google Maps e precisasse sair para responder uma mensagem, a janela com o mapa ficava ali, reduzido no cantinho da tela…sensacional. Fora isso, em alguns aplicativos de vídeo, como o YouTube, também era possível voltar para a tela inicial do Pixel e o vídeo continuava rodando ali no canto; ou seja, eu realmente podia ser mais “multitarefa” no Android. Depois, se quisesse voltar a assistir o vídeo em tela cheia, era só clicar na miniatura e pronto. O iPhone não tem nada parecido; e agora faz falta.

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O que eu ainda acho (muito) melhor no iPhone…

Navegação por gestos (Amém)

Esta foi a primeira coisa que quase “me travou” quando deixei o iOS e comecei a usar o Android. Tudo bem, recentemente o Google melhorou isso um pouquinho oferecendo algumas possibilidades de navegação por gestos, mas o iPhone sempre fez isso – e muito bem. É infinitamente mais prático do que botões, convenhamos. Para voltar, é só arrastar o dedo; pronto! Sem dúvida, a navegação por gestos no iOS é muito melhor; são movimentos suaves e precisos. O Google até copiou muita coisa agora no Android 10, mas além de ter sido um pouco tarde, ainda está longe de oferecer a mesma experiência.

Ah, o AirDrop…

Fala sério, é difícil não se apaixonar pelo AirDrop. O Google não tem nada que chegue perto do sistema de compartilhamento de arquivo entre dispositivos. Sinceramente, durante meus dois anos com Android, isso sempre foi uma dor para mim. Compartilhar qualquer coisa – uma foto, um arquivo – com alguém do seu lado, usando Android, ainda não é fácil. Alguns aplicativos de terceiros até tentam copiar o AirDrop, mas e a segurança? E a facilidade? No iPhone é a coisa mais linda: liga o AirDrop e pronto, a mágica está feita. Quem usou conhece e há de concordar comigo nessa…

Silêncio, por favor

Outra coisa que, sim, faz diferença no meu dia a dia. Meus telefones passam praticamente o tempo todo em modo silencioso. E a Apple, desde o primeiro iPhone, lá em 2007, criou uma chavinha do lado esquerdo do aparelho que segue em todos seus modelos até hoje. É rápido, é prático. Deixar o iPhone quietinho é possível de fazer até sem olhar para o aparelho. Agora no Android, você tem que ir clicando a tecla de volume até chegar ao limite inferior ou ainda entrar nas configurações (mesmo que rápidas) para acionar a função. Nem se compara, né?

Motores  (sim, eu ligo muito para isso)

Ainda que muita gente sequer perceba ou dê muita atenção a isso, os motores de vibração do iPhone são incríveis. E não estou falando de quando o telefone está no modo silencioso e vibra durante uma chamada. Mas, sim, o retorno que o “Taptic Engine” (motor tátil) dá em diversas aplicações. Trata-se basicamente de um motor de vibração embutido na estrutura do iPhone. Sim, é muito melhor do que qualquer Android que eu já tenha colocado as mãos – e olha que dizem que os Pixel, do Google, são os Android com os melhores motores táteis do mercado. É uma diferença sutil, mas que, para mim, é fantástica no iOS.

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Por fim, o que fica de toda essa história é que não dá para dizer qual plataforma é melhor. Eu não acho que exista uma “melhor”. São experiências diferentes. Fica aqui agora o meu convite para você, seja usuário de iPhone ou qualquer Android que seja, deixar seu comentário e apontar outros detalhes que distanciam ou aproximam esses dois belos sistemas. Por enquanto, continuo com o iPhone; o Pixel está na mochila…e o dia de amanhã, ninguém sabe, nem eu.