A CRISPR, técnica que corta e edita o DNA, está mais perto do que nunca de viabilizar a alteração e a substituição de genes para tratar ou evitar doenças em seres humanos.

Conhecida pela sigla CRISPR-Cas9, a técnica teve seu uso em humanos descrito pela primeira vez em setembro de 2019, num artigo para a revista acadêmica New England Journal of Medicine. O imunologista Deng Hongkui e sua equipe de pesquisadores da Universidade de Pequim, na China, relataram o teste em um homem de 27 anos acometido por leucemia, câncer causado pela proliferação de células de defesa imaturas, e portador de HIV, o vírus da Aids – doenças que afetam os linfócitos.

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Antes de inserir as células da medula óssea de um doador saudável no paciente, os médicos utilizaram a CRISPR para desativar o gene que continha a receita de uma proteína a qual servia como porta de entrada para o HIV invadir os linfócitos. O sucesso do procedimento foi parcial e, um ano e meio depois, a leucemia permaneceu em remissão e a nova medula continuou a produzir linfócitos saudáveis, embora apenas 5% deles apresentassem a alteração protetora. Com o atestado de que a CRISPR é viável e segura, os pesquisadores decidiram “melhorar a técnica antes de tratar outros pacientes”.

Apesar de não ser a única técnica que visa modificar ou inativar genes em seres humanos, a CRISPR é a mais simples e barata, já que é formada por uma proteína – molécula grande e complexa de reproduzir em laboratório – e um RNA – pequeno e simples de ser reproduzido –, contra as outras técnicas que utilizam duas ou mais proteínas artificiais.

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“Produzir sequências curtas de RNA em laboratório é banal e barato, o que torna a CRISPR mais versátil e acessível do que qualquer outra técnica de edição gênica”, explicou Carlos Menck, geneticista da Universidade de São Paulo.

O que não falta são testes com a técnica em animais e plantas. Agora, com o início dos tratamentos experimentais em seres humanos, a CRISPR pode se tornar recorrente nos próximos anos. 

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Via: Unicamp