Diversos filmes já mostraram a existência de poções do amor, o que normalmente as pessoas consideram como isso mesmo: mera ficção. Porém, um livro lançado em janeiro chamado “Love is the drug: The Chemical Future of our relationships”, algo como “O amor é a droga: o futuro químico de nossos relacionamentos”, afirma que já existem remédios, legais e ilegais, que podem alterar a mente e a maneira como se pensa sobre amor, sexo e relacionamentos.

“Todas essas drogas do amor existem agora”, escreveram os autores Brian D. Earp e Julian Savulescu. Para eles, é hora de imaginar um mundo em que seja possível alterar quimicamente sentimentos. “Não podemos mais apenas dar de ombros e dizer: o amor é apenas algo que acontece com você. Dado que haverá e, de certa forma, já existem formas de termos controles do curso da nossa vida amorosa. Uma vez que uma escolha esteja disponível, deixar de se envolver não é uma opção”, afirma Earp.

No livro, os autores detalham como medicamentos convencionais, como antidepressivos, por exemplo, podem ter efeitos colaterais que alteram a libido e que podem afetar relacionamentos. “Os remédios estão tendo esses efeitos. Seria tolice não entender os efeitos dos medicamentos que já estamos usando”, destacou Earp.

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Foto: Justdial

A obra, porém, não ignora o hype em torno do assunto. Os autores se mostram cautelosos em relação às muitas alegações de pesquisas feitas sobre o chamado “hormônio do amor”, a ocitocina. Os escritores afirmam que deve haver um ceticismo saudável sobre a conclusão de que sprays nasais com ocitocina possuem a capacidade de melhorar relacionamentos.

Porém, esse ceticismo pode ser deixado de lado se houver estudos mais rigorosos sobre a maneira como as drogas afetam os relacionamentos. “Este é o ponto cego na medicina ocidental: a tendência de ignorar os efeitos interpessoais de intervenções baseadas em drogas”, escrevem no livro. Isso não se restringe a produtos que tornam o relacionamento melhor. Os autores exploram o potencial de “drogas anti-amor” para suprimir emoções como ciúmes e outras que podem ajudar a diminuir o apego pelo agressor de uma pessoa abusada, por exemplo.

O livro também aborda questões ainda mais controvérsias. Os autores entram no debate sobre permitir o uso de medicamentos para conter o que a sociedade vê como desejos sexuais tabus ou desviantes, ou até vício em pornografia.

“Não estamos falando de uma utopia química em que todos experimentam os medicamentos que desejam”, destaca Savulescu, acrescentando que esses remédios não precisam ser chamados de medicamentos ou drogas recreativas. “Precisamos identificar as pessoas para quem eles seriam genuínos melhoradores de bem-estar, não muletas”.

Os autores concluem dizendo que não sabem se a sociedade está pronta para essa nova abordagem de iniciar um relacionamento com drogas que ‘estimulam o amor’, mas estariam felizes em mediar a discussão.

Via: New Scientist