De todos os planetas do Sistema Solar, Saturno é o mais conhecido por ter anéis de rocha e gelo. Porém, todos os quatro planetas externos – o já citado Saturno e Júpiter, Urano e Netuno – apresentam anéis, mais ou menos visíveis. Então, há de se imaginar que é uma característica comum no universo: quatro dos oito planetas do nosso sistema (ou seja, metade) os têm. Então, por que não conhecemos nenhum exoplaneta com anéis?

Para os pesquisadores Anthony L. Piro (Carnegie Observatories) e Shreyas Vissapragada (Caltech), a resposta pode estar nos exoplanetas conhecidos como “superpuffs”, planetas enormes cuja densidade é baixíssima, comparável a do algodão doce. E tem a ver com a forma com que detectamos planetas em outras estrelas por aí afora.

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A maneira mais comum de encontrar exoplanetas é com a observação atenta de estrelas distantes. Quando um planeta passa na frente da sua estrela (do nosso ponto de vista), há um escurecimento sutil no brilho da luz que chega até nossos telescópios. Essa técnica, conhecida como “método de trânsito”, depende do alinhamento desses astros, mas nos permitiu a detecção de milhares de exoplanetas.

Estudando a luz que atravessa esses exoplanetas, os cientistas conseguem determinar algumas propriedades deles, como tamanho e massa. Com a massa e do tamanho, os astrônomos podem calcular a densidade média, um número crítico para determinar o tipo de planeta que estamos observando. Densidade muito alta? Provavelmente feito de pedras e água, algo como a Terra. Densidade relativamente baixa? Provavelmente um gigante gasoso, como Júpiter ou Urano.

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O superpuffs são diferentes. Já foram encontrados pouco mais de dez deles, mas todos são entre cinco a 10 vezes maiores que a Terra, e em geral orbitam perto de suas estrelas-mãe, com anos tão curtos quanto 15 dias terrestres. Mas o que realmente se destaca nesses mundos é sua densidade extremamente baixa. Saturno tem uma densidade de 0,687 gramas por centímetro cúbico (baixa o suficiente para boiar na água). Alguns superpufss têm densidades tão baixas quanto um décimo das de Saturno.

Sabe-se muito pouco sobre essa categoria de planetas. Talvez sejam planetas ainda em formação. Talvez sua detecção esteja obscurecida por nuvens de poeira, nos dando uma falsa impressão de seu tamanho. Talvez alguns sejam esticados pelas forças das marés de suas estrelas. E talvez alguns tenham anéis.

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Imagine que um astrônomo extraterrestre esteja procurando planetas no nosso Sistema Solar, usando o método de trânsito. Se ele não conseguisse discernir os anéis de Saturno, poderia se enganar e calcular seu tamanho como o dobro do real, e sua densidade com 1/8. Na hipótese dos pesquisadores, esse hipotético astrônomo alienígena classificaria Saturno como um superpuff.

Mas isso não vale para todos os superpuffs encontrados. Alguns desses exoplanetas orbitam tão próximos da estrela-mãe que as forças gravitacionais destruiriam qualquer sistema de anéis. Mesmo assim, os autores da pesquisa foram capazes de escolher alguns candidatos a planetas com anéis – e esperam que o telescópio James Webb, nosso próximo caçador de exoplanetas, consiga responder algumas das nossas dúvidas.

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Via: Space.com