Uma equipe de pesquisadores, formada por membros da Universidade Carnegie Mellon e de outras instituições, lançou um aplicativo que, de acordo com eles, pode detectar se há assinaturas da Covid-19 na voz.

O teste, realizado diretamente no site do projeto, solicita que o usuário grave pequenos clipes de áudio tossindo, emitindo alguns sons de vogais e verbalizando o alfabeto completo. A partir disso, o site determina a probabilidade do paciente estar infectado pela doença mostrando uma barra na tela.

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A ideia de que um teste desse tipo possa ser eficaz é bastante provocativa diante do surto global do novo coronavírus, e particularmente da escassez generalizada dos kits de teste. Entretanto, para Benjamim Stringer, um dos responsáveis pelo projeto, o sistema pode ser uma ferramenta valiosa para rastrear a propagação do vírus, especialmente porque a equipe continua a refinar sua precisão coletando mais dados.

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No entanto, Stringer admite que “em termos de diagnóstico, é claro, nunca será tão preciso quanto pegar um cotonete, colocá-lo em um ágar e examiná-lo. Mas, em termos de monitoramento, é uma solução fácil para rastrear uma tonelada de pessoas diariamente ou semanalmente”.

O projeto

Além dos alunos da universidade, também trabalha no projeto Rita Singh, professora de ciência da computação da Carnegie Mellon, que há anos cria algoritmos que identificam micro assinatura na voz humana. De acordo com ela, “a tosse de um paciente com Covid-19 é muito distinta. A doença lesiona tanto os pulmões que os padrões respiratórios e todas essas coisas também são afetadas, e isso é algo que terá assinaturas muito fortes na voz”.

Em relação ao preço, Stringer diz que há “uma concorrência pelo teste mais rápido e mais barato possível”. Ele acrescenta que existem “alguns muito baratos e precisos”, mas defende o projeto dizendo que “nada será tão barato e fácil como falar ao telefone” – se referindo ao uso do microfone de um smartphone para a captação dos sons necessários. 

A equipe, que trabalha remotamente por conta do fechamento do campus em decorrência da doença, tem coletado áudios de pacientes infectados com o objetivo de treinar o algoritmo e refinar os resultados.

Os dados foram coletados com a ajuda de colegas de várias partes do mundo. Foram reunidos não só áudios de pacientes com a Covid-19, mas também com outros tipos de vírus. Isso foi necessário para que o sistema pudesse treinar a identificação das diferenças entre as doenças.

Preocupação com o sistema

Para Ashwin Vasan, professor do Columbia University Medical Center, lançar um sistema desse tipo durante um momento de crise global não foi uma boa ideia. “Apesar do que poderia ser uma tentativa bem-intencionada para ajudar durante a crise, essa não é exatamente a mensagem que desejamos divulgar”, alertou.

Ele ainda disse que há preocupações mais importantes como a escassez de testes, equipamentos para profissionais de saúde e ventiladores mecânicos para pacientes que necessitam de ajuda para respirar. “Qualquer outra coisa é apenas uma distração”, complementou.

Em defesa, a equipe disse que está lidando com as implicações para a saúde pública do aplicativo. Stringer informa que consultou colegas da comunidade de pesquisa médica e que considerou cuidadosamente como ajustar a sensibilidade do aplicativo aos sintomas.

Alerta: é importante salientar que o presente teste trata-se apenas de um sistema experimental (em desenvolvimento) e que ainda não possui aprovação da Food and Drug Administration (FDA), agência federal que controla assuntos de saúde nos EUA. Além disso, é importante frisar que o teste de voz não deve substituir um diagnóstico médico presencial para detecção da doença.

Via: Futurism