Um dos grandes mistérios em torno do coronavírus é a imunidade à covid-19. Vecina explica que ainda não se sabe quanto tempo ela dura em alguém que já teve a doença. Segundo ele, isso será aprendido ao longo do tempo, assim como tantas outras características do microrganismo.

Gonzalo Vecina Neto, que é professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, explica que, em um determinado momento, não haverá mais contaminação daqueles que são suscetíveis à infecção. Ou seja, é pouco provável que 100% da população seja contaminada pelo coronavírus.

Isso acontece justamente porque os que são contaminados desenvolvem imunidade à doença. Infelizmente, não é possível precisar quando nem qual percentual da população tem de ser atingido para chegarmos lá.

Por isso, o especialista reforça que, neste momento, os idosos são os mais frágeis. Ele lembra que, em pacientes de 0 a 40 anos, as mortes atingem dois em cada mil diagnosticados. Quando os infectados têm mais de 80 anos, os óbitos representam 15 em cada 100. Por isso, é importante que eles não tenham contato com a covid-19 neste primeiro ciclo da doença.

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Com tudo o que o coronavírus causou e ainda vai causar ao redor do mundo neste ano, será que 2020 é um ano perdido? Vecina não acredita nisso. Para ele, tudo o que estamos vivendo vai ser benéfico no futuro – especialmente quando se considera como a tecnologia tem nos servido nessas semanas.

E ele vai além: precisamos aprender a não contaminar os outros. Usar máscara em público e trabalhar em casa quando se está resfriado, por exemplo, deve se tornar um hábito, porque é uma forma eficaz de evitar contaminar outras pessoas.

A sugestão de usar máscaras de pano, aliás, foi feita ontem mesmo pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Na Ásia, por exemplo, elas foram um elemento essencial na contenção da propagação da doença.

Graças à tecnologia muitas atividades profissionais têm continuado mesmo em meio à crise sanitária. Vecina enxerga o home office como medida profilática e de proteção à produtividade quando um profissional está resfriado ou gripado.

Vecina reflete, ainda, sobre a forma como a pandemia vai nos fazer observar outros aspectos da vida cotidiana. Um dos principais deles é a desigualdade social, tão presente no Brasil.

Parece que o coronavírus realmente está nos ensinando lições muito importantes. É fundamental que aprendamos com elas e possamos usar esse conhecimento futuramente.