Poucas coisas intrigam tanto os cientistas espaciais como a matéria escura do universo. Diversas teorias procuram responder do que realmente seria feito este material. No momento, a mais aceita na comunidade é da existência de neutrinos, partículas ultraleves que fluem no espaço e interagem entre si. Esses neutrinos podem ser divididos em quatro tipos: de elétrons, de múos, de tau e o neutrino estéril. Este último é mais pesado que os demais, mas não interage com as outras partículas, exceto pela sua gravidade ou quando decai. Assim, são detectados como um rastro fraco de luz de raio-x com 3,5 elétron-volt.

Porém, um novo estudo publicado na revista Science afirma que a via Láctea não possui este brilho, o que significaria que a nossa galáxia não contém esses neutrinos, ao contrário da atual teoria. Para procurar o brilho na via Láctea, os pesquisadores observaram antigas imagens de telescópios das regiões sem estrelas da galáxia. Os dados deveriam mostrar a linha de 3,5 keV, já que ela seria o sinal da presença da matéria escura na região. Porém, ao analisar as informações, a equipe não encontrou o esperado, o que fez os pesquisadores afirmarem que a linha brilhante não é um sinal da matéria escura.

Controvérsia na metodologia

No entanto, grande parte da comunidade não concordou com a metodologia utilizada pelos autores da última pesquisa, muito por conta do novo modo que se utilizaram na procura pelo brilho. “Realmente tivemos uma nova ideia de como procurá-los. Porém, sempre que alguém chega e diz: ‘eu tenho uma nova forma de fazer o que você está fazendo’ seu instinto deve ser o ceticismo. Acho que é a resposta natural”, afirmou Nicholas Rodd, co-autor do estudo.

Os autores do estudo se concentraram em uma faixa muito estreita de frequências, entre 3,3 e 3,8 keV, com resolução energética de 0,1 keV. Isso significa que os pesquisadores podem distinguir claramente apenas uma gama pequena de frequências nos dados. Apesar das críticas, os autores afirmam que, mesmo com uma resolução de baixa energia, a linha de 3,5 keV seria visível se estivesse presente.

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Apesar do ceticismo, Rodd diz que está “razoavelmente convencido” de que sua equipe mostrou que a linha brilhante não é a prova da existência da matéria escura, embora acredite que isso levante uma questão importante do que a produz, já que foi registrada em outras galáxias. Grande parte do problema se dá pela qualidade dos dados de raios-x de regiões sem estrelas no espaço.

Uma solução poderia ser um telescópio lançado pelo Japão em 2016, mas ele perdeu o contato com a Terra logo pouco depois. No momento, não há planos para colocar outros instrumentos com essa função, pelo menos até o fim da década de 2020. Até que isso aconteça, porém, só resta aos cientistas esperar que dados com maior qualidade consigam resolver a controvérsia.

Via: Live Science