Entre as maiores esperanças nesta crise do coronavírus está o desenvolvimento de uma vacina. Há muitas iniciativas em andamento em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil. Quem lidera o esforço no país é o Centro de Tecnologia de Vacinas, o CT-Vacinas, instalado em Belo Horizonte em uma iniciativa da Universidade Federal de Minas Gerais e da Fiocruz Minas.

O Olhar Digital conversou com o pesquisador Alexandre Machado, da Fiocruz Minas. Ele conta que o grupo que trabalha na criação da vacina contra a covid-19 já é bastante experiente, pois há dez anos pesquisa o vírus influenza.

A criação de uma vacina passa, necessariamente, pelo teste em organismos vivos. Por isso, é necessário que ele tenha toda a estrutura imunológica para que seja possível saber se a fórmula testada é eficaz. E isso não é possível em um grupo isolado de células.

Segundo Alexandre, a primeira parte do desenvolvimento, que é feita em laboratório e inclui os testes em camundongos, deve estar finalizada em 12 a 18 meses. Depois disso, vêm os testes clínicos e aí podem aparecer dificuldades financeiras, já que serão necessários novos investimentos.

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Já que a vacina nacional deve demorar ainda pelo menos três anos e há tantas outras em desenvolvimento no mundo, por que os pesquisadores da Fiocruz Minas estão nesse projeto? Alexandre explica que o grupo não concorre com a indústria farmacêutica, cujo negócio é a produção de vacinas.

Além da equipe que trabalha no CT-Vacinas, fazem parte da pesquisa cientistas de outros grupos da Universidade Federal de Minas Gerais, do Instituto Butantã, do Instituto do Coração, o Incor, e da Universidade de São Paulo. E Alexandre convida outros interessados a participarem do projeto.

Todo o cenário atual aponta para mudanças fundamentais na mentalidade e nos comportamentos da sociedade no futuro. Alexandre ressalta que um dos aspectos que devem se tornar prioritários é o investimento em saúde, educação e ciência.

Basta lembrar que, hoje, quem está nessa luta pelo desenvolvimento da vacina são pesquisadores mal remunerados que, muitas vezes, recebem suas bolsas de pesquisa com atraso. Mesmo assim, não deixam de atuar em prol da sociedade neste momento tão crítico.