Um vídeo publicado pelo The New England Journal of Medicine mostrou, usando laser, como você cospe quando fala. Pode parecer que não, mas uma simples frase como “stay healthy” (permaneça saudável) libera inúmeras partículas de saliva no ar. O vídeo mostra como diferentes volumes de voz liberam mais ou menos partículas, e as diferenças para uma pessoa protegendo a boca com um pano úmido.

Simulações como essa são importantes para mostrar que coisas saem de nossas bocas o tempo todo, e não apenas quando tossimos ou espirramos. Os especialistas acreditam que essa é uma das formas pelas quais o novo coronavírus se espalha.

O uso de laser é comum para visualizar e contar gotículas no ar, segundo Alex Huffman, professor associado que estuda aerossóis no departamento de Química e Bioquímica da Universidade de Denver. Apesar de não estar envolvido com o vídeo, ele afirma que essa técnica é uma maneira útil de mostrar como apenas a fala já faz voar saliva.

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É por isso que os órgãos de saúde passaram a recomendar o uso de máscaras em público. As pessoas podem transmitir o Sars-Cov-2 mesmo assintomáticas. Se elas usarem uma proteção sobre a boca, podem reduzir a dispersão do vírus e, consequentemente, o risco de transmitir Covid-19 a outros.

O laser do vídeo do NEJMNew England Journal of Medicine – porém, mostra apenas partículas entre 20 e 500 micrômetros (um fio de cabelo humano tem largura de 75 micrômetros). O problema é que também expelimos partículas ainda menores, que podem carregar agentes patológicos microscópicos – como o Sars-Cov-2.

Além disso, partículas abaixo de 20 micrômetros têm comportamento diferente daquelas maiores. “Essas gotículas menores ficam no ar por mais tempo e provavelmente são muito mais numerosas do que as mostradas aqui”, diz Linsey Marr, professora de engenharia ambiental e civil que estuda transmissão de vírus em aerossóis na Virginia Tech.

Pesquisadores do Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais, que produziram o vídeo, declararam em comunicado que trata-se apenas de uma observação, não de um experimento tradicional. Eles estão trabalhando em uma nova pesquisa que os ajudaria a analisar o comportamento de gotículas em uma variedade maior de tamanhos. “Isso pode nos ajudar a entender como mitigar a disseminação da Covid-19 e potencialmente outros vírus”, disseram.

Huffman acredita que demonstrações que não incluem tudo aquilo disseminado por uma pessoa podem ser úteis, mas passam uma sensação de segurança que não existe, como se cobrir a boca impedisse a passagem de qualquer coisa.

Fato é que a maioria dos tecidos usados para improvisar máscaras filtra apenas uma pequena fração. Mesmo assim, isso é melhor que nada, e pode ajudar a reduzir a transmissão da Covid-19, ainda que não seja uma parede impenetrável. Vídeos assim são um ponto de partida.

Via: The Verge