Até o momento, dos mais de 100 projetos que buscam imunização contra a Covid-19, a vacina mais avançada nos testes foi desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca. Apesar da proximidade de um resultado – seja ele satisfatório ou não – ainda não há informações sobre sua distribuição, principalmente para o Brasil. No entanto, isso pode estar prestes a mudar.

De acordo com a infectologista brasileira Sue Ann Clemens, diretora da Iniciativa Global de Saúde da Universidade de Siena e pesquisadora da Unifesp, que coordena os centros de teste da vacina por aqui, “há negociações com diferentes governos de diferentes países [para a distribuição], entre eles o Brasil”. “Essa é uma oportunidade muito grande para o nosso país não só no campo da pesquisa clínica, mas também na produção de imunizantes”, completa.

Ainda segundo a pesquisadora, tanto o Instituto Butantã (SP) quanto a Fiocruz (RJ), possuem capacidade para produzir as vacinas necessárias não só para o Brasil, mas também para toda a América Latina.

Com uma linha de produção nacional, o país terá acesso mais fácil e rápido ao imunizante, o que pode ser um fator decisivo no combate à doença. “Até meados do ano que vem já teríamos a vacina pronta para ser aplicada”, disse a infectologista.

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Brasil pode ser o fornecedor de doses da imunização para toda a América Latina. Foto: Getty Images

Felizmente, segundo a pesquisadora, o Brasil também tem prioridade na compra de doses da vacina. Ela comenta que, durante conversa com Andrew Pollard, coordenador da vacina de Oxford, perguntou se o país teria acesso prioritário.

“Ele respondeu que isso estava em discussão, mas que a capacidade de produção deles era limitada. Depois disso, no entanto, eles firmaram o acordo com a AstraZeneca, ampliando a capacidade de produção. Sei que o Brasil já tem em mãos uma ordem de compra e que foi um dos primeiros países abordados para a possibilidade de produção local”, finaliza Clemens.

Contrato mundial

A AstraZeneca anunciou recentemente que fechou acordos internacionais para produção de 1,7 bilhão de doses da vacina – além de declarar que procuram por novos parceiros. Por enquanto, há acordos firmados com o Reino Unido, Estados Unidos, Coallition for Epidemic Preparedness Innovations (Cepi), Aliança de Vacinas (Gavi) e o Instituto Serum, localizado na Índia.

No entanto, ainda há uma capacidade adicional para a produção de 300 milhões de doses. Com isso, será possível alcançar o objetivo de possuir dois bilhões de doses prontas para iniciar a imunização da população mundial.

Via: Estadão