O Facebook removeu um dos maiores grupos anti-máscara de sua plataforma, por violar suas políticas contra a disseminação de informações falsas sobre a Covid-19.

A seção “Sobre” do grupo “Unmasking America!”, que tinha mais de 9.600 membros, o descrevia como um espaço para “divulgar a VERDADE sobre máscaras”. O grupo fazia diversas alegações sobre as máscaras que foram amplamente desmentidas, como causar um impacto psicológico negativo e obstruir o fluxo de oxigênio. “É uma âncora psicológica para supressão, escravização e obediência cognitiva. Quando você usa uma máscara, é cúmplice em declarar todos os seres humanos como perigosos, infecciosos e ameaças”, afirmava uma publicação do grupo.

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Esse é apenas um de dezenas de grupos similares no Facebook. Alguns são particulares, exigindo que um administrador aprove novos membros antes que eles possam participar. Mas o tema de todos é o mesmo: se opor à intervenção em saúde pública defendida por médicos especialistas em todo o mundo. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, assim como o Ministério da Saúde do Brasil, recomendam o uso de máscaras em todas as áreas públicas, visando reduzir a propagação do vírus. Esses grupos são para pessoas que não querem usar máscaras – e são muitas.

A decisão do Facebook aconteceu após o grupo ser investigado pelo The Verge. Dami Oyefeso, porta-voz do Facebook, afirmou em um email que a empresa tem “políticas claras contra a promoção de informações prejudiciais sobre a Covid-19 e removemos esse grupo enquanto analisamos os outros”.

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Pelas regras da plataforma, se um grupo compartilhar notícias falsas repetidamente, o algoritmo fará com que o grupo apareça mais para baixo no Feed de Notícias dos usuários, e deixará de sugerir que as pessoas se juntem a ele para reduzir seu crescimento.

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Alguns dos grupos anti-máscara do Facebook. Imagem: The Verge

A página do grupo Unmasking America tinha fotos de membros usando máscaras com o slogan “Make America Great Again” e outras referências ao presidente Donald Trump, geralmente como forma de protesto contra o uso de máscaras. Outras publicações descreviam experiências com lojas que exigem os equipamentos de proteção e muitos membros perguntavam como conseguir uma “isenção” das regras.

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Em destaque no grupo, havia uma foto de um “Cartão de Isenção de Máscara Facial”, emitido pela “Agência de Liberdade para Respirar”. Um membro aconselhou as pessoas a “imprimi-lo, plastificá-lo e usá-lo. O número é legítimo”. Não existe nenhuma agência governamental com esse nome e autoridades policiais alertaram que esses cartões  – que usam uma versão do logotipo de águia do Departamento de Justiça – “não têm força de lei”, como informou o jornal The New York Times.

Dentre os grupos privados, está o “Million Unmasked March”, com quase oito mil membros. “Os pais são poderosos! Somos um grupo de mães, pais, avós, tios, tias, professores, amigos, enfermeiras e qualquer pessoa preocupada com nossos filhos usando máscaras para a escola no outono”, diz a seção informativa sobre o grupo. “Acreditamos que máscaras na escola são física e psicologicamente prejudiciais. Junte-se a nós dizendo CHEGA DE MÁSCARAS!” Outro grupo, com cerca de 400 membros, está organizando um evento “contra as máscaras obrigatórias” em 1° de agosto.

Médicos especialistas afirmam que há poucas razões médicas para impedir que as pessoas cubram seus rostos com máscaras quando saem em público. Até mesmo Trump, que resistiu em aparecer em público usando máscara, publicou em seu Twitter que era “patriótico usar uma máscara quando você não pode se distanciar socialmente”.

O Facebook tomou diversas medidas para impedir a disseminação de informações falsas sobre a Covid-19 em suas plataformas, com diferentes resultados. Em abril, o grupo de direitos humanos Avaaz descobriu que 100 informações erradas sobre o vírus foram vistas 117 milhões de vezes e compartilhadas 1,7 milhão de vezes no Facebook. No mesmo mês, a empresa adicionou uma etiqueta de aviso quando um usuário comentava ou reagia a um post com informações falsas. Também em abril, a companhia removeu a “pseudociência” da lista de categorias que anunciantes podem usar para segmentar clientes em potencial “para evitar possíveis abusos nos anúncios”.

Em maio, o Facebook descreveu em um relatório o uso de inteligência artificial junto com verificadores de fatos e moderadores humanos para impor os padrões da comunidade. Segundo o relatório, 50 milhões de conteúdos relacionados ao coronavírus foram etiquetados apenas em abril e, desde 1° de março, mais de 2,5 milhões relacionados a vendas de máscaras, kits de teste de Covid-19 e álcool em gel foram removidos.

Via: The Verge