Um enorme parente dos crocodilos, com dentes “do tamanho de bananas”, caçava dinossauros durante o período Cretáceo e os dilacerava com suas poderosas mandíbulas, segundo alguns paleontólogos.

Conhecida como Deinosuchus, grego para “crocodilo do terror”, essa linhagem de répteis semiaquáticos com certeza fez jus ao nome. Eles estavam entre os maiores predadores nos hábitats aquáticos da América do Norte, local onde viveram entre 75 e 82 milhões de anos atrás. Com seus corpos de pelo menos dez metros de comprimento, eles eram capazes de subjugar qualquer animal que se aproximasse o bastante – incluindo dinossauros.

Três espécies de crocodilos do terror já haviam sido identificadas pelos paleontólogos. Porém, alguns especialistas acreditavam que as evidências fósseis que definiam as espécies estavam incompletas, argumentando que as três espécies poderiam ser apenas uma, mas espalhada pelo continente. Por isso, os fósseis foram reavaliados recentemente, em um novo estudo publicado no Journal of Vertebrate Paleontology. Os cientistas combinaram as espécies existentes de crocodilos do terror e descreveram uma nova, Deinosuchus schwimmeri.

Ilustração de Deinosuchus. Imagem: Tyler Stone

Além dos dentes enormes, o recém-descrito D. schwimmeri era um “predador bizarro e monstruoso”, segundo Adam Cossette, principal autor do estudo e professor assistente do Instituto de Tecnologia de Nova York de Medicina Osteopática da Universidade Estadual do Arkansas. Cossette e seus colegas descreveram a nova espécie por amostragem de fósseis de toda a América do Norte e pela avaliação de novos fósseis encontrados no oeste do Texas.

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“Até agora, o animal completo era desconhecido”, afirmou Cossette em comunicado. O nome da espécie homenageia o paleontólogo David Schwimmer, professor da Columbus State University, na Georgia – repare que não se trata do ator David Schwimmer, que interpretou um paleontólogo do Museu de História Natural de Nova York no seriado “Friends”, são apenas homônimos.

Deinosuchus são crocodilianos – grupo que inclui aligátores modernos, crocodilos e gaviais. Apesar do nome “crocodilo do terror”, a linhagem Deinosuchus era mais próxima dos aligátores, de acordo com os pesquisadores. Eles também descobriram que a espécie D. rugosus foi provavelmente identificada incorretamente. Seus fósseis (muito pouco presentes) provavelmente vieram de outras duas espécies (D. riograndensis e D. schwimmeri), ambas descritas mais tarde, mas com conjuntos fósseis mais completos.

Os autores relatam também que o status de espécie de outro crocodilo do terror, D. hatcheri, também é questionável, baseado em evidências escassas e fragmentos ósseos.

Reconstrução do crânio de Deinosuchus hatcheri no Museu de História Natural de Utah. Imagem: Mark A. Wilson

As espécies habitavam lados diferentes do continente. Enquanto o D. schwimmeri vivia na costa leste da América do Norte e no litoral do Atlântico, o D. hatcheri e o D. riograndensis habitavam o oeste. Na época, o continente era dividido ao meio pelo Mar Interior Ocidental, separando as espécies geograficamente.

Independentemente da espécie, “Deinosuchus era um gigante que deve ter aterrorizado os dinossauros que vinham até a beira da água para beber”, comentou Cossette.

Embora eles compartilhem muitas características com seus parentes crocodilianos, algumas peculiaridades os diferenciam. Suas cabeças largas e alongadas terminavam em um focinho bulboso, uma característica única neste grupo de répteis. No final do focinho, existem duas grandes aberturas, também exclusivas do Deinosuchus, segundo o estudo.

Ainda não se sabe a função das peculiaridades no focinho do animal, mas os pesquisadores acreditam que possam estar ligadas à termorregulação, ajudando-os a abaixar a temperatura de seus corpos.

Via: Live Science