No período de maio de 2019 e junho de 2020, o governo Bolsonaro repassou mais de R$ 11 milhões para o Google, com o objetivo de distribuir verba para veículos que apoiassem seu governo. Informações foram divulgadas pelo The Intercept Brasil, após o acesso a dados por meio de contratos e relatórios provenientes do setor de publicidade do governo.

A iniciativa visava promover, positivamente, o governo Bolsonaro no Brasil. O grande problema é que os principais beneficiários desse dinheiro foram websites que propagavam, constantemente, notícias de verdade duvidosa. Alguns deles foram alvos prioritários de movimentos que combatem as fake news.

Emissoras de TV beneficiadas

Os investimentos por meio do Google foram notórios, mas não está nem entre os três maiores beneficiários do montante. A maior quantia de dinheiro foi repartida entre a mídia audiovisual, mais precisamente para as emissoras de televisão.

A Rede Record recebeu R$ 17 milhões, enquanto R$ 15,4 milhões foram investidos no SBT – dois canais que apoiam o governo Bolsonaro. A terceira instituição que mais recebeu dinheiro (R$ 11,2 milhões) foi uma difusora de mídia publicitária, de nome não revelado, responsável pela distribuição de painéis eletrônicos presentes em grandes cidades, principalmente nas paradas de ônibus.

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Banco do Brasil

O Sleeping Giants Brasil, movimento anti fake news que investiga sites Brasil afora, apurou que o Banco do Brasil utilizava o AdSense do Google na distribuição de verba para sites de fonte duvidosa. “É realmente triste assistir o aparelho governamental interferir e fazer uso do dinheiro do povo para empregá-lo em discursos odiosos e na disseminação de notícia falsas”, disse o criador do movimento em entrevista cedida à Revista Veja, que preferiu manter o anonimato.

O Google não revela o destino do dinheiro investido por questões éticas de sigilo comercial. O site de buscas apenas confirma que as fatias investidas dependem do público que acessa e do número de cliques recebidos por esses veículos.