Desde o início da pandemia, o hábito de lavar embalagens foi incorporado à rotina de muitos brasileiros. A prática, embora justificável, é apontada por alguns cientistas como potencialmente nula: ao mesmo tempo em que pode ser útil, existe a possibilidade de não ser. Isso porque não existe consenso sobre a capacidade do novo coronavírus de sobreviver em superfícies inanimadas. 

De acordo Emanuel Goldman, professor de microbiologia da Universidade Rutgers, a chance de transmissão por meio de embalagens é muito pequena, e só existe quando alguém infectado tosse ou espirra sobre a superfície (ou toca nela logo após utilizar a mão para cobrir a tosse ou espirro). 

Para pesquisador, não é possível afirmar que o novo coronavírus sobrevive em embalagens. Imagem: Photobac/Shutterstock

Em artigo publicado na revista The Lancet, Goldman reconhece que já foi comprovado, em laboratório, que o Sars-Cov-2 pode sobreviver por dias em superfícies sem vida, sobretudo em plástico.

Entretanto, ele observa que os estudos comprobatórios trabalharam com amostras de até 10 milhões de partículas virais para chegar a esses resultados, uma quantidade até 100 mil superior ao número de partículas presentes numa superfície atingida por um espirro.

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Julian Tang, professor de Ciências Respiratórias na Universidade de Leicester, no Reino Unido, destaca que seria praticamente impossível comprovar que alguém se infectou por meio de uma embalagem. Para chegar a essa conclusão, teriam de ser excluídas todas as outras possibilidades de contágio, que são muitas. 

O essencial é lavar as mãos

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) não desaconselha a prática, mas afirma que “não há nenhum caso de Covid-19 comprovadamente transmitido por alimentos ou embalagens”.

Segundo a entidade, as pessoas não devem necessariamente focar em desinfetar os produtos, mas em manter as mãos sempre limpas. 

A grosso modo, a explicação da OMS é simples: a menos que um paciente tenha passado a língua numa embalagem, ele não pode ter sido infectado por ela.

Por outro lado, pode ter contraído o vírus por levar as mãos contaminadas ao rosto. A incógnita, então, é onde o paciente sujou as mãos. Pode ter sido no plástico da embalagem, como também num aperto de mão ou numa maçaneta. Não é possível saber. 

Por isso, o essencial é lavar as mãos e manter distância. Desinfetar as embalagens é facultativo: pode não fazer bem, mas com certeza não faz mal. De qualquer forma, os produtos ficam mais limpos. 

Via: BCC Brasil