Uma pesquisa realizada por astrônomos da Universidade do Texas mostrou que nem mesmo 416 anos foram capazes de desacelerar os detritos resultantes de uma supernova, como são chamadas as explosões de anãs brancas, também conhecidas como estrelas compactas. Imagens coletadas entre 2000 e 2016 comprovam que a Supernova de Kepler, ou SN 1604, continua em expansão pelo espaço a uma velocidade de 8,700 quilômetros por segundo, o equivalente a mais de vinte e cinco mil vezes a velocidade do som na atmosfera da Terra.

Batizada em homenagem ao astrônomo alemão Johannes Kepler, que estudou extensivamente o evento e o descreveu no livro “De Stella Nova”, a supernova ocorreu a 20 mil anos-luz da Terra, no ano de 1604, e permanece sendo a última registrada em nossa galáxia que foi visível a olho nu. Do tipo Ia, a Supernova de Kepler ocorreu quando uma anã branca em um sistema binário (formado por por duas estrelas) “canibalizou” a massa de sua companheira ao ponto de se tornar instável e explodir.

O que despertou o interesse no caso desta supernova é que era esperado que sua expansão fosse diminuindo com o passar do tempo, devido ao fato de o sistema binário onde ela se encontrava ser circundado por uma nuvem de material resultante do consumo de massa da estrela companheira. Com isso, o fenômeno se torna um dos mais importantes objetos de estudo na Via Láctea para compreender a evolução de supernovas do tipo Ia.

Ao todo, quinze “nós” de material ejetado da supernova foram registrados pela equipe, liderada por Matthew Millard, que observou as mudanças em suas posições para calcular a velocidade em um espaço tridimensional. Alguns nós, de fato, aparentam ter desacelerado com o tempo, enquanto outros seguem em livre expansão, com uma velocidade média de 4,600 quilômetros por segundo, equivalente às observadas em supernovas ocorridas em outras galáxias dias ou até mesmo semanas após a explosão. Os astrônomos também observaram a assimetria nas direções dos nós, que também pode revelar mais dados sobre a explosão propriamente dita.

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Os resultados do estudo foram publicados no The Astrophysical Journal, no entanto ainda há mais a ser obtido com a observação dos nós. A medição da velocidade de outros nós ejetados pode confirmar a suspeita de que a Supernova de Kepler foi energeticamente diferente de outras do tipo Ia, permitir a construção de um mapa tridimensional da distribuição do material e também confirmar os cálculos apresentados pela equipe.

Fonte: Science Alert