Um dos alvos de estudos de cientistas espaciais são os halos galácticos, regiões ao redor das galáxias espirais. Agora, após novas observações do Telescópio Espacial Hubble, os pesquisadores descobriram que eles são mais massivos e complexos do que o esperado.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram dezenas de quasares diferentes para mapear o halo da galáxia Andrômeda. Além de possuir aproximadamente o mesmo tamanho da Via Láctea, com cerca de um trilhão de estrelas, sua proximidade de 2,5 milhões de anos-luz permite um estudo com detalhes sem precedentes.

“Este é realmente um experimento único, porque apenas com o Andrômeda temos informações sobre seu halo ao longo não penas de uma ou duas linhas de visão, mas de mais de 40”, destacou Nicolas Lehner, pesquisador principal do estudo.

Essas linhas de visão são formadas pelos buracos negros ativos que estão no coração das galáxias do lado oposto de Andrômeda. Os quasares produzem muita luz, tornando mais fácil estudar como os gases do halo absorvem essa luminosidade do que compreender o próprio halo. Por conta disso, o Hubble foi usado para observar 43 quasares além de Andrômeda e, analisando sua luz, mapeou carbono, silício e oxigênio carregados de gás do halo.

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“Entender os enormes halos de gás que cercam as galáxias é imensamente importante”, afirmou Samantha Berek, pesquisadora da Universidade de Yale. “Este reservatório de gás contém combustível para a futura formação de estrelas dentro da galáxia. Está cheio de pistas sobre a evolução passada e futura da galáxia e finalmente podemos estudá-las em grande detalhe”, acrescentou.

Descobertas

Com as observações, os cientistas descobriram que o halo se estende por uma distância maior do que o esperado. Sua extensão é de pelo menos 1,3 milhão de anos-luz de distância da galáxia, atingindo 2 milhões de anos-luz em alguns pontos. Isso faz com que ele cubra mais da metade da distância entre a Andrômeda e a Via Láctea, sugerindo que se mistura com o halo da nossa galáxia.

Também foi descoberto que a estrutura do halo é mais complexa do que o esperado, com duas camadas distintas. “Descobrimos que a camada interna, que se estende por cerca de meio milhão de anos-luz, é muito mais complexa e dinâmica. A camada externa é mais lisa e mais quente”, detalhou Lehner. Há uma suspeita de que essa divisão foi causada por supernovas dentro do disco principal da galáxia, afetando mais drasticamente a parte interna do halo.

A pesquisa, que foi publicada no The Astrophysical Journal, só foi possível graças a capacidade do Telescópio Hubble de enxergar a luz ultravioleta e da proximidade da Andrômeda. Em regiões mais distantes, o equipamento não consegue observar quasares o suficiente.

Via: Space