Uma pesquisa publicada no The Astronomical Journal pode mudar o que já se sabe sobre a órbita do nosso Sistema Solar. O estudo liderado pela astrônoma Arika Higuchi, da Universidade de Saúde Ocupacional e Ambiental e do Observatório Astronômico Nacional do Japão, lança luz à origem de cometas que estão localizados nos confins do nosso Sistema. Além disso, o documento sugere uma órbita diferente para estes corpos celestes.

Para entender melhor o que isso significa, é necessário saber que os planetas do nosso Sistema Solar estão mais ou menos alinhados em um único plano, ou seja, circulando o Sol. Os pesquisadores chamam isso de eclíptica. Esta posição, inclusive, pode ser um indício de como o Sistema Solar nasceu, e há quem acredite que foi a partir de um disco achatado de poeira girando ao redor do Sol e que, gradualmente, se aglomerou em planetas, asteroides e outros pedaços de rochas.

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Pesquisadores acreditam ter encontrado uma nova órbita no nosso Sistema Solar. Créditos: cigdem/Shutterstock

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No entanto, existem alguns corpos celestes que se movem fora deste plano. Tratam-se, principalmente, de cometas de longo período, que possuem órbitas de centenas ou dezenas de milhares de anos e que orbitam nos confins do Sistema Solar, mais especificamente na Nuvem de Oort de corpos gelados. Os mistérios que envolvem estes corpos, já questionados pelo homem anteriormente, podem estar perto de serem desvendados com a pesquisa de Higuchi.

Os estudos mostram a existência do que está sendo chamado de “eclíptica vazia”, que seria a órbita estranha ao alinhamento comum dos planetas. Acredita-se que esta estrutura tenha 180 graus em relação ao polo galáctico, por isso sua posição pode ajudar a entender como surgiram estes cometas de longo período.

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De qualquer forma, apesar do avanço que a pesquisa traz neste sentido, ainda não é possível observar todas as órbitas destes cometas, já que eles são pequenos e escuros, e o homem ainda não possui tecnologia para vê-los além de certo ponto. Mas algumas oportunidades de observação podem ser aproveitadas quando estes corpos se aproximam o suficiente do Sol, sendo possível utilizar sua trajetória e velocidade para inferir as órbitas inteiras.

Afélio

Também durante a pesquisa, os estudiosos notaram algo interessante em relação aos pontos de órbitas mais distantes do Sol. Este ponto é conhecido por afélio e tem como premissa permanecer bem próximo à eclíptica para corpos cujas órbitas se originaram naquele plano. Esta teoria se aplica completamente aos cometas de longo período, por exemplo.

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Mas os pesquisadores se depararam com um segundo grupo de cometas de longo período que não indicavam projeções de um afélio consistente com a eclíptica. A partir daí, começaram a surgir pistas de que estes cometas estariam alinhados a um segundo plano orbital ainda não conhecido ou habitado por outros corpos celestes.

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Cometas de longo período são a maior pista para os pesquisadores sobre órbita alternativa. Créditos: solarseven/Shutterstock

Diante das evidências, os estudiosos concluíram que a eclíptica está orientada a 60 graus em relação ao plano galáctico e a eclíptica vazia, também estaria a 60 graus no plano, mas em outra direção.

Origem da eclíptica vazia

Depois de observar os dados da pesquisa, os estudiosos acreditam que a eclíptica vazia pode ter sido gerada pela maré galáctica, ou seja, pelo campo gravitacional da própria galáxia. Também julga-se que esta forma de nascimento pode ter distorcido alguns dos cometas de longo período.

Para comprovar as suspeitas, a equipe continua os estudos, mas agora com foco em cálculos analíticos que deverão modelar como a maré galáctica influenciaria cometas de longo período. Mas, já se sabe que a distribuição dos afélios apresentou dois picos distintos, sendo um perto da eclíptica e outro próximo da eclíptica vazia.

A forte evidência é um grande passo para a ciência e para entender a origem do nosso Sistema Solar como um todo, mas muito trabalho deve ser exigido agora para a comprovação efetiva das descobertas. “Uma investigação da distribuição dos pequenos corpos observados deve incluir muitos fatores. O exame detalhado da distribuição dos cometas de longo período será nosso trabalho futuro”, concluiu Higuchi.

Fonte: Sciencie Alert