Até setembro, já foram realizadas 100 operações de fusão e aquisição de startups no Brasil. Com isso, 2020 se consagra como o ano em que mais foram realizadas operações deste tipo. Para efeito de comparação, em 2019, foram 63; e, no ano anterior, 27. Os números são da empresa de inovação Distrito e foram divulgados com exclusividade pelo Estadão

O mercado brasileiro demonstra uma grande voracidade para as chamadas transações de M&A (sigla em inglês para fusões e aquisições, na tradução). Foram 54 entre julho e setembro, sendo 21 apenas em setembro.

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As startups ocupam espaços que vão muito além dos negócios digitais e quanto mais inovadoras e eficientes no seu segmento, mais se valorizam. Crédito: Pexels/Pixabay

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Empresas jovens, inovadoras e valorizadas

A classificação como startup engloba empresas jovens, que trabalham no desenvolvimento de soluções. Não se limita apenas a negócios digitais, mas a organização precisa ser inovadora para fugir do rótulo de “tradicional”. Algumas são avaliadas em mais de US$ 1 bilhão. Quando isso acontece, mudam de patamar e passam a ser reconhecidas como unicórnios.

Uma delas certamente é o estúdio de games Wildfire, que conseguiu levantar US$ 120 milhões em rodadas de investimento durante agosto, atingindo um valor de mercado de US$ 3 bilhões. Fundada em 2011, já criou mais de 60 jogos que geraram mais de 2 bilhões de downloads. Alguns dos seus produtos, como o ‘Tennis Clash’, ‘Sniper 3D’, ‘Zooba’, ‘War Machine’ e ‘Colorfy’ figuram entre os games mais baixados em dezenas de países.

Como se percebe, nem a Covid-19 atrapalhou as negociações no segmento de startups. Em texto publicado em seu blog, Rafael Assunção, da Questum, cita pesquisa recente da Crunchbase, que mostrou que a cada dez startups adquiridas na América Latina, sete são brasileiras.

“O termo ‘fusões e aquisições’ continua associado às grandes corporações, escritórios de advocacia, consultores financeiros e a transações milionárias. A verdade é que muitas startups estão em uma jornada de M&A, e nem estão cientes disso”, defendeu.

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Mesmo com pandemia e quarentena, operações de fusão e aquisição de startups no Brasil se mantiveram aquecidas. Crédito: Burak K/Pexels

 

Cesta de compras de startups 

Gustavo Gierun, cofundador da Distrito, também celebra o bom momento das startups brasileiras. Ele afirma que nem a pandemia foi capaz de interromper este período favorável. “O mercado já estava bastante aquecido e a quarentena acabou gerando inúmeras oportunidades, em uma corrente que se fortalece porque uma empresa não quer ficar atrás das concorrentes”.

Segundo Gierun, atualmente o concorrente de uma empresa não necessariamente está no mesmo setor. “Com a pandemia, as corporações entenderam que digitalização não era processo, era algo central. Muitas empresas têm áreas de tecnologia já sobrecarregadas, de maneira que o executivo não vê outra solução para inovar senão ir ao mercado”.

Assim, as aquisições destas novatas inovadoras se tornaram uma maneira de encurtar o caminho para a solução de uma carência interna de outras companhias. Algumas delas até outro dia também eram simples startups, mas que se tornaram poderosas e extremamente bem-sucedidas no seu segmento. E até estas estão indo às compras para não ficar para trás.

Uma delas é o Nubank, a primeira startup brasileira a ser avaliada em mais de US$ 10 bilhões. No início, o banco digital adquiriu a Plaformatec, especializada em engenharia de software e metodologias ágeis. 

Mas a gigante que mais abocanhou startups foi o Magazine Luiza, que já adquiriu seis somente este ano. A última foi o aplicativo para delivery de comida AiQFome, que tem sede em Maringá (PR). Neste caso, trata-se de uma tentativa de desbravar uma nova frente de negócios. A cesta de compras do Luiza ainda inclui Stoq, Estante Virtual, Hubsales, In Loco Media e Canaltech.

 

Fonte: Estadão