Pesquisadores do Instituto Max Planck de Astronomia e Física Extraterrestre conseguiram a primeira confirmação direta, com imagens, da existência de um exoplaneta que antes havia sido detectado apenas de forma indireta.

Beta Pictoris C, cuja descoberta foi anunciada no ano passado, fica a 63 anos-luz de nós. O planeta é um gigante gasoso com cerca de 9 vezes a massa de Jupiter, e fica a 2.7 AU da estrela Beta Pictoris (1 AU é a distância entre a Terra e o Sol). O planeta tem um “irmão maior”, Beta Pictoris b, que foi descoberto 11 anos atrás. Trata-se de outro gigante gasoso orbitando a 9 AU de sua estrela. Os três formam um sistema jovem, com cerca de 23 milhões anos.

Foi justamente o tamanho de Beta Pictoris C que possibilitou sua descoberta, já que a atração gravitacional que exerce sobre sua estrela é tão grande que perturba a órbita dela, causando uma oscilação que pode ser detectada, e medida, por nós. Este método é chamado de “velocidade radial”.

Entretanto, por causa da proximidade, o brilho da estrela “ofusca” nossos instrumentos, impedindo a observação direta. Captar uma imagem do sistema só foi possível graças a um novo instrumento chamado Gravity, instalado no Very Large Telescope (VLT) em Cerro Paranal, no Chile. Ele combina dados dos quatro telescópios do observatório em um único “telescópio virtual”, com a resolução suficiente para fotografar Beta Pictoris C.

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Os quatro telescópio que compõem o VLT no Chile. As linhas em branco indicam o caminho percorrido pela luz até os instrumentos. Foto: ESO / CC-BY-4.0

“É incrível o nível de detalhe e sensibilidade que conseguimos com o Gravity”, diz Frank Eisenhauer, cientista chefe do projeto Gravity no instituto. “Estamos apenas começando a explorar novos e estonteantes mundos, do buraco negro supermassivo no centro de nossa galáxia a planetas fora do sistema solar”.

Mas o feito só foi possível graças a dados precisos de velocidade radial que definiram precisamente a órbita do planeta. E além de confirmar sua existência, a combinação do conhecimento obtido com duas técnicas anteriormente distintas permite a obtenção de mais informações sobre sua natureza. “Agora podemos determinar tanto o brilho quanto a massa do exoplaneta”, diz Mathias Nowak, líder do estudo.

“Como regra geral, quanto maior a massa de um planeta, mais luminoso ele é”. E os dados sobre Beta Pictoris C são intrigantes. A luz vinda de lá é seis vezes mais fraca do que a de seu irmão maior, Beta Pictoris B. Sabemos que Beta Pictoris C tem entre 8 e 9 vezes a massa de Júpiter, então qual a massa de Beta Pictoris B? Dados de velocidade radial irão nos ajudar a resolver a questão, mas será necessário um longo tempo para obtê-los: uma órbita completa de Beta Pictoris B ao redor de sua estrela leva 28 anos terrestres.

Fonte: Max Planck Gesselschaft