Apple abriu um processo contra a GEEP Canada, especializada em reciclagem de eletrônicos. A multinacional norte-americana acusa a empresa canadense de roubar e revender cerca de 100 mil aparelhos, entre iPhones, iPads e Apple Watches, os quais deveria destruir. Por conta disso, foi pedido uma indenização de US$ 31 milhões da GEEP, mais o valor total de qualquer receita que tenha sido gerada com a revenda não autorizada dos dispositivos.

O roubo foi descoberto após a Maçã auditar o armazém da GEEP e perceber que seus produtos estavam sendo direcionados para áreas não cobertas por câmeras. A empresa verificou então os números de série dos produtos repassados à empresa canadense e descobriu que cerca de 18% do montante que foi enviado entre janeiro de 2015 e dezembro de 2017 ainda estava ativo em redes de operadoras.

“Pelo menos 11.766 libras (5,3 mil toneladas) de dispositivos Apple deixaram as instalações da GEEP sem serem destruídos. Este é um fato que a própria GEEP confirmou. Esses dispositivos inapropriados foram posteriormente vendidos a um preço significativamente mais alto do que outros materiais reciclados para fornecedores posteriores que reformaram e revenderam os dispositivos aos consumidores”, diz o processo da Apple, aberto em janeiro.

Reprodução GEEP Canada é especializada na reciclagem de material eletrônico. Crédito: GEEP/Canada/Divulgação

Segundo a Apple, a ilegalidade teria prejudicado a demanda por novos produtos da companhia, além de ter causado problemas de segurança para os consumidores. O desvio também teria manchado a imagem da marca, ao manter no mercado produtos destinados à destruição.

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Da reciclagem para o mercado

Visando a se tornar uma empresa mais ecologicamente sustentável, a Apple contratou a GEEP em novembro de 2014 para destruir com segurança seus produtos antigos. Assim, impediria que eles acabassem em aterros sanitários. Ademais, a reciclagem permite que a empresa economize com o reaproveitamento de certos elementos, como o cobalto, extraído de baterias velhas de telefones para ser usado em novas. 

Na prática, a Apple incentiva seus milhões de clientes a deixarem seus dispositivos antigos, que depois são encaminhados para empresas como a GEEP para que seja feita a reciclagem e dado um destino adequado a cada um dos componentes. Entre janeiro de 2015 e dezembro de 2017, a Apple enviou 531.966 iPhones, 25.673 iPads e 19.277 Apple Watches para a GEEP, de acordo com o processo.

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Pelo menos 5,3 de toneladas de dispositivos deixaram as instalações da GEEP sem serem destruídos, acusa a Apple. Crédito: Pexels

A versão da GEEP Canada

Em seus processos judiciais contra terceiros, a GEEP disse que só descobriu sobre o roubo depois que a Apple conduziu sua inspeção. Os três homens usariam seus acessos aos sistemas da empresa canadense para reclassificar e ocultar as identidades dos produtos. No entanto, depois que a Apple fez a notificação, afirma no processo, a recicladora teria instalado novos dispositivos de gravação e instruiu a equipe de segurança a aumentar o monitoramento da planta como parte de uma investigação interna.

Os três implicados no furto seriam o gerente de Melhoria Contínua, Roger Micks; o diretor de Operações, Edward Cooper; e o gerente-geral de Treinamento, Steven White. Estes, segundo acusa a GEEP no processo, teriam roubado a carga e vendido para Fu Yuan Yang, presidente da Whitby Recycling. E Fu Yuang teria repassado os produtos da Apple para pessoas físicas na China.

A GEEP afirma ainda que não violou o acordo de serviço e que, ao contrário do que afirma a Apple, não ganhou dinheiro com a revenda dos produtos.  

 

Fonte: The Logic