De acordo com um vazamento de um documento interno do Google, a empresa está planejando uma campanha agressiva contra o plano da União Europeia em conter o poder das grandes tecnologias, segundo a publicação francesa Le Point.

A apresentação, que levava a marca d’água “privilegiada e precisa ser conhecida” e “confidencial e proprietária”, responde diretamente ao comissário francês Thierry Breton e outros reguladores em Bruxelas (Bélgica) sobre seus planos de introduzir uma nova Lei de Serviços Digitais abrangentes no continente. Segundo o texto, a gigante das buscas apresentou um relatório extenso, de dois meses, destinada a remover “restrições irracionais” em relação ao modelo de negócios e “redefinição da narrativa política” em torno da propositura.

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Além disso, o documento ainda lista objetivos como “aumentar a resistência” a Breton, ao mesmo tempo que busca “enfraquecer o apoio” à legislação proposta na capital belga; entre outras táticas como “minar a ideia de que o DSA [Lei de Serviços Digitais abrangentes] não tem custo para os europeus” e “mostrar como o DSA limita o potencial da Internet… assim como as pessoas mais precisam”.

A campanha do Google mostra ainda que a empresa buscará ‘mais aliados’, além do auxílio de plataformas baseadas na Europa, como o Booking.com, para influenciarem o debate sobre a regulamentação.

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Ao Financial Times, o site de viagens e serviços online foi enfático, e afirmou não ter intenção de cooperar com o Google na futura regulamentação da plataforma da UE. “Nossos interesses são diametralmente opostos”, disse.

De acordo com a vice-presidente do Google para assuntos governamentais globais e políticas públicas Karan Bhatia, a empresa ‘apoiamos totalmente e continuaremos a defender uma DSA que garante que a tecnologia pode contribuir para a recuperação da Europa e o sucesso econômico futuro.”

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Na terça-feira (27), vice-presidente executiva da EU responsável pela concorrência política digital, Margrethe Vestager, argumentou que a separação estrutural das big techs não seria “a coisa certa a fazer”. Em contraposição, o comissário francês acusou essas empresas de serem “grandes demais para se importar”, e sugeriu serem desmembradas em circunstâncias extremas, em entrevista recente.

A presente lei buscará legislar sobre diversas questões, entre elas conteúdo legal, desinformação e transparência de anúncios. Segundo a Financial Times, um projeto é aguardado para o começo de dezembro. Pela primeira vez, a capital Bruxelas revisa as regras da internet em duas décadas.