Desde terça-feira (3), quando começaram as eleições nos Estados Unidos, as redes sociais acompanharam de perto as publicações de Donald Trump, agindo para limitar seu alcance e incluir selos de conteúdo possivelmente inverídico. Agora que a apuração está chegando ao seu fim, as ações se direcionaram para conter as publicações que suportem suas afirmações de que as eleições foram fraudadas, como se tem visto no Facebook.

Com os apoiadores do presidente usando suas redes sociais para contestar o resultado nas urnas, afirmando que o partido democrata está “roubando a eleição”. Uma página de apoio, chamada Women for America First, com mais de 100 mil seguidores, criou um grupo chamado “STOP THE STEAL” (“Pare o roubo”) e rapidamente foram acumulados 360 mil participantes. Diante do crescimento, o Facebook optou por excluir o grupo nesta quinta-feira (5) por violar as regras da plataforma.

O grupo não se limitava o organizar manifestações contra a eleição, apesar de convocar 12 diferentes eventos de protesto pelos EUA e encorajar doações para bancar voos aos estados em disputa, assim como os custos de hospedagem. Havia múltiplos relatos de pessoas preparadas para o conflito armado e convocando guerra civil para “garantir a integridade do voto”, embora não haja qualquer evidência de fraude até o momento.

Andy Stone, representante do Facebook, afirmou ao Washington Post diz que a ação foi parte de “medidas excepcionais que estão sendo tomadas durante este período de tensões elevadas”. Ele também reforçou que “o grupo foi organizado em torno da deslegitimização do processo eleitoral, e vimos chamados de violência preocupantes de alguns membros”.

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Os membros do grupo, no entanto, pareciam já prever que o Facebook agiria e vários participantes já estavam sugerindo transportar as conversas para uma outra rede social, chamada MeWe. O site se apresenta como alternativa à plataforma de Zuckerberg, mas se tornou notável nos últimos tempos por abrigar milícias que tenham sido excluídas do Facebook.

As ações refletem uma mudança de posição das redes sociais na moderação de conteúdo em época de eleições. Depois de 2016, quando o termo “fake news” foi incorporado ao vocabulário da política diante da propagação de boatos desenfreada, aproveitando o algoritmo das plataformas, que valoriza engajamento em vez de qualidade da informação, as empresas foram amplamente criticadas e agora, quatro anos depois, decidiram agir com firmeza, limitando conteúdo que são julgados enganosos, mesmo se vierem de figuras como Donald Trump.