Antes um evento exclusivo do varejo nos EUA, a Black Friday já se enraizou na mentalidade do Brasileiro. Todos aguardam ansiosamente a quarta sexta-feira do mês de novembro, esperando um desconto incrível para adquirir aquele produto no qual estão de olho faz um tempo.
E neste ano a movimentação ao redor desta data deve ser ainda maior. “De acordo com dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), as vendas online devem crescer 77% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo R$ 6,9 bilhões. A explicação para o aumento tem a ver com a pandemia e a adesão de novos hábitos de consumo pelos brasileiros, que passaram a realizar compras em ambientes virtuais com mais frequência”, diz Ralf Germer, CEO e cofundador da PagBrasil, fintech brasileira que atua no processamento de pagamentos.
Mas onde há pessoas com dinheiro na mão, há golpistas de olho nele. É preciso conter o entusiasmo e prestar atenção às ofertas, para que aquela pechincha não se torne uma tremenda dor de cabeça. Veja a seguir alguns dos riscos desta época do ano, e como se prevenir.
O primeiro risco ganhou até um apelido entre os consumidores brasileiros: “Black Fraude”. O nome é referência à prática desonesta de alguns lojistas de aumentar o preço de um produto algumas semanas antes da Black Friday, para oferecer na data um “desconto” maior que, na verdade, não existe: o produto tem o mesmo preço, ou é até mais caro, do que em meses anteriores.
É o famoso “tudo pela metade do dobro”. O melhor remédio contra isso é acompanhar a evolução do preço dos itens que mais lhe interessam, para que você possa identificar rapidamente uma falsa oferta.
Felizmente, existem serviços que automatizam a tarefa. Um deles é o Olhar Digital Ofertas um plugin para seu navegador que compara os preços em múltiplas lojas, analisa a variação ao longo do tempo, testa automaticamente cupons de desconto e alerta quando um produto chega a um preço que lhe interessa. O plugin monitora mais de 30 lojas em todo o Brasil, sem acessar seus dados pessoais e sem afetar a velocidade de navegação.
Comparação de preços de um item nos últimos 60 dias na Olhar Digital Ofertas. O menor preço de hoje é quase R$ 400 maior do que há um mês.
Outra opção é o Black ou Fraude, da Reduza, que ajuda a evitar outro golpe: o frete abusivo. Não é raro um lojista oferecer um grande desconto no produto, mas compensar a diferença aumentando proporcionalmente o custo do frete. Atraído pelo preço baixo, o cliente muitas vezes nem percebe a prática. Além do preço do produto, o site compara também o preço do frete.
Mas pagar mais caro é o menor dos males, já que ao menos você recebeu o produto. Há coisas piores: segundo Rafael Sampaio, Country Manager da Etek NovaRed, “a principal ameaça é ser vítima de um golpe baseado em um e-mail, sms, telefonema ou WhatsApp fraudulento. Como é uma época em que todos mandam mensagens oferecendo promoções, os cibercriminosos aproveitam esta época para promover este golpe. Então, você recebe na sua caixa postal um e-mail (quase) perfeito de uma marca bastante conhecida, te oferecendo um desconto imperdível”.
A partir daí duas coisas podem acontecer. “Você vai lá clica e um malware se instala na sua máquina, e a partir deste ponto mil coisas ruins podem acontecer”, diz Sampaio. Ou então a vítima pode cair na segunda parte do golpe: a loja falsa.
Segundo Germer, “um tipo de crime muito comum são as páginas de e-commerce falsas, onde o fraudador cria uma página de produto idêntica ao de um grande varejista, porém em outro domínio. Sem perceber a diferença e acreditando estar realizando a compra em uma loja confiável, o usuário faz o pedido e, em seguida, recebe no seu e-mail um boleto fraudado”.
“É preciso ficar atento aos detalhes na hora de realizar um pagamento”, complementa. “Todo boleto emitido é registrado pelo banco emissor na Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), com dados do beneficiário e do pagador. Os consumidores têm que se certificar de que o nome do beneficiário e o CNPJ estão no nome da loja ou da processadora de pagamentos utilizada pelo e-commerce. Também é necessário evitar ao máximo ‘varejistas’ com a intenção de finalizar a compra em aplicativos de conversas, para tentar convencer o cliente a fazer uma transferência bancária com um desconto imperdível”.
Preste muita atenção às “ofertas imperdíveis” que chegam por e-mail. Quando a esmola é grande, o santo desconfia. Foto: David MG/Shutterstock
Uma terceira possibilidade é uma loja falsa oferecer a possibilidade de pagamento via cartão de crédito. O pagamento, entretanto, não ocorre: a página é projetada para capturar as informações do cartão, que depois pode ser “clonado” e usado em compras a favor dos malfeitores, gerando prejuízo para a vítima.
“A primeira coisa é verificar o impacto. Entre em contato com a marca que está associada ao golpe e relate o ocorrido para que eles tenham ciência e possam tomar medidas imediatas”, diz Sampaio.
“Fique atento às despesas indevidas em seu cartão de crédito ou débito, ou peça logo a troca informando ao banco sobre um possível vazamento. Finalmente, colete o máximo de informação que puder (capturas de tela, por exemplo), documente e faça um BO em uma Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos na sua região, via internet”, complementa.
Esta post foi modificado pela última vez em 19 de novembro de 2020 13:19
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