Cientistas publicaram uma coletânea de quase 30 artigos científicos investigando os riscos à saúde associados às viagens espaciais. A coleção representa o maior conjunto de dados de biologia espacial já produzido e apresenta análises aprofundadas de observações de moscas, vermes e ratos que foram ao espaço, além, claro, de astronautas.

Alguns dos resultados reafirmam o que sabíamos sobre problemas de saúde relacionados ao espaço, enquanto outros estudos fornecem novos dados, esclarecem resultados anteriores ou encontraram maneiras de melhorar experimentos futuros.

publicidade

Entre os problemas analisados estão stress oxidativo, danos ao DNA, desregulação mitocondrial, mudanças epigenéticas (incluindo a regulação dos genes), alterações no comprimento dos telômeros e mudanças no microbioma do organismo.

“Embora avanços significativos tenham sido feitos na última década para entender os riscos das viagens espaciais à saúde, pesquisas adicionais são necessárias para permitir uma exploração espacial humana mais segura além da órbita terrestre baixa, incluindo missões de longa duração à Lua, Marte e no espaço profundo”, dizem os pesquisadores em um artigo que acompanha a coleção.

publicidade

Muitos dos estudos publicados na coleção reuniram ou reanalisaram dados de experimentos anteriores disponibilizados aos pesquisadores por meio de portais de dados de acesso aberto, como a plataforma GeneLab da NASA. Esta é uma forma de fortalecer as análises, através da correlação de resultados, e maximizar os dados coletados em missões espaciais.

Reprodução

publicidade

Entre os dados analisados estão os coletados durante os 340 dias que o astronauta Scott Kelly passou no espaço, enquanto seu irmão gêmeo Mark ficou na Terra. Foto: Nasa

“Uma análise coletiva de vários modelos e estudos humanos pode levar a uma compreensão mais abrangente dos impactos fisiológicos e relacionados à saúde humana do ambiente espacial”, escrevem os pesquisadores, explicando sua abordagem.

publicidade

Pane geral?

Um estudo, por exemplo, analisou dados de cerca de 60 astronautas e centenas de amostras do GeneLab para procurar um mecanismo universal que explique as mudanças generalizadas que foram observadas em diferentes genes, células, tecidos, sistemas corporais, órgãos e músculos.

Ele mostrou “mudanças sistêmicas” na função das mitocôndrias – que são as usinas de força dentro de nossas células, convertendo oxigênio e nutrientes em energia. “O que descobrimos é que algo está acontecendo e bagunçando a regulação das mitocôndrias”, disse Afshin Beheshti, bioinformático do Centro de Pesquisa Ames da NASA. Isso pode explicar as perturbações observadas no sistema imunológico e ritmos circadianos dos astronautas, escrevem os autores.

Esses estudos são obviamente limitados pelo número muito pequeno de astronautas e animais que podemos enviar ao espaço – e é aqui onde os vermes e as moscas entram. Usar essas criaturas é uma maneira fácil de expandir o número de participantes nos experimentos durante voos espaciais.

“Nosso próximo objetivo será ter uma melhor ideia dos mecanismos por trás do que acontece com o corpo humano durante voos de longa duração, e como eles variam entre pessoas”, disse Susan Bailey, especialista na biologia de telômeros da Universidade do Estado do Colorado, nos EUA. “Nem todos respondem da mesma forma”.

Fonte: Science Alert